Por Fernando Brito
Apesar da “torcida” – e quem, a
esta altura não torce por alguma chance de se afastar da Presidência um
desastre como Jair Bolsonaro? – parece ser unânime, nos jornais, a impressão de
que o depoimento de Sérgio Moro à Polícia Federal desenha um caminho que, nesta
direção vai dar em nada.
Mal acostumado por seus tempos de
juiz, o ex-ministro não apresentou o principal: a razão que estaria fazendo
Jair Bolsonaro em insistir, durante meses e com os métodos mais agressivos, na
troca do superintendente da PF no Rio de Janeiro.
Como sabe qualquer leitor de
romances policiais, o interesse é a força motriz do crime e é impossível que
Sérgio Moro não soubesse, afinal, porque o atual presidente tanto cobiçava o
controle da PF no Rio.
Se não as revelou, tudo indica,
foi cúmplice disso.
Mas acha que pode manter esta
estratégia de “verdade parcial”, com base na sua autoridade que, agora,
resume-se ao seu prestígio na Globo e nos seus comentaristas.
É claro que o que ele contou é
suficiente para que se saiba o já sabido: que Bolsonaro pretende blindar a si e
a seu núcleo familiar. Mas falta o “ato de ofício” claramente vinculado a isso
e mesmo os praticados de mudanças na PF não terão vinculação a desvios se não
se apontar a que objetivo espúrio eles se destinam.
Vai se manter um estado de
agitação, claro, e não é impossível que logo surja uma versão plausível destas
finalidades. Mas Moro, ciente delas, recusou-se a dizer.
Ou não tem coragem ou não tem
provas. E, em todos os casos, preserva-se no inescusável ato de cumplicidade
que, desde agosto do ano passado, conhecer o que seria um grave crime e ter se
abstido de agir em proteção a seu próprio cargo de ministro. COMENTÁRIOS
Nenhum comentário:
Postar um comentário