quarta-feira, 6 de maio de 2020

MORO E SUA CONVICÇÃO SEM PROVAS


Por Fernando Brito
Apesar da “torcida” – e quem, a esta altura não torce por alguma chance de se afastar da Presidência um desastre como Jair Bolsonaro? – parece ser unânime, nos jornais, a impressão de que o depoimento de Sérgio Moro à Polícia Federal desenha um caminho que, nesta direção vai dar em nada.

Mal acostumado por seus tempos de juiz, o ex-ministro não apresentou o principal: a razão que estaria fazendo Jair Bolsonaro em insistir, durante meses e com os métodos mais agressivos, na troca do superintendente da PF no Rio de Janeiro.

Como sabe qualquer leitor de romances policiais, o interesse é a força motriz do crime e é impossível que Sérgio Moro não soubesse, afinal, porque o atual presidente tanto cobiçava o controle da PF no Rio.

Se não as revelou, tudo indica, foi cúmplice disso.

Mas acha que pode manter esta estratégia de “verdade parcial”, com base na sua autoridade que, agora, resume-se ao seu prestígio na Globo e nos seus comentaristas.

É claro que o que ele contou é suficiente para que se saiba o já sabido: que Bolsonaro pretende blindar a si e a seu núcleo familiar. Mas falta o “ato de ofício” claramente vinculado a isso e mesmo os praticados de mudanças na PF não terão vinculação a desvios se não se apontar a que objetivo espúrio eles se destinam.

Vai se manter um estado de agitação, claro, e não é impossível que logo surja uma versão plausível destas finalidades. Mas Moro, ciente delas, recusou-se a dizer.

Ou não tem coragem ou não tem provas. E, em todos os casos, preserva-se no inescusável ato de cumplicidade que, desde agosto do ano passado, conhecer o que seria um grave crime e ter se abstido de agir em proteção a seu próprio cargo de ministro. COMENTÁRIOS

                                                                                                       


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