Por Tereza Cruvinel
Que sofrimento maior pode ser imposto a uma mulher do que o
de ter um filho que é fruto da violência sofrida? Como equilibrar-se entre o
amor de mãe e o ódio inevitável ao pai estuprador? Como esquecer para sempre a
lembrança da agressão para que ela não tisne a relação com o filho inocente? Os
legisladores de 1940 compreenderam isso, e superando a herança colonial,
inscreveram no código penal que o aborto não seria crime em casos de estupro e
risco para a gestante.
Agora, 77 anos depois, 18 parlamentares, contra o voto de
uma só deputada mulher (pois nós, mulheres, ocupamos apenas 10% dos lugares no
Congresso, sendo maioria da população e do eleitorado), a deputada Érika Kokay
(PT-DF), aprovaram a criminalização do aborto em todos os casos. Inclusive no de
fetos anencéfalos, exceção acrescentada pelo STF em 2012.
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