Por Emir Sader
São múltiplas as visões que se pode ter de um país tão
diverso e complexo como o Brasil. Há um Brasil visto desde a Avenida Paulista e
suas mais de cem agências de bancos privados. Há um Brasil visto desde as
redações da mídia de direita. Há um Brasil visto desde o apartamento onde
Geddel escondia o dinheiro roubado do povo.
Mas há um Brasil não menos real e não menos expressivo. Há o
Brasil dos milhões e milhões de pessoas, que vivem e trabalham cotidianamente,
em condições duras de emprego, para sobreviver e manter os seus, poder garantir
o que conquistaram e ter perspectivas mínimas de futuro.
O país é o mesmo. Não há dois Brasis. O que há são lugares
distintos, contraditórios, de onde se vê uma parte da sociedade ou o seu todo.
Quem vive de renda, vê a Bolsa de Valores como termômetro do país, o mercado
como seu pulso, o resto é o resto. São gastos indevidos com direitos alheios,
que recaem sobre os recursos públicos, considerados fatores de desequilíbrio no
ajuste fiscal. Há um país da sonegação, do desvio de recursos para paraísos
fiscais, da acumulação financeira através das taxas de juros, que não produzem
nem bens, nem empregos. É o pais da especulação financeira, dos banqueiros que
assaltaram o poder pelo golpe e tentam desmontar o Estado brasileiro, os
direitos dos trabalhadores, os programas sociais, o patrimônio estatal.
E há o Brasil escondido diariamente pela mídia de direita, o
Brasil que vive do seu trabalho e não da exploração do trabalho alheio, que
vive do seu salário e não de renda, que paga impostos e não sonega, que
trabalha a terra para produzir alimentos para o país, que luta para garantir a
comida e o bem estar mínimo da sua família e não os nababescos gastos e viagens
ao exterior da aristocracia do dinheiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário