Ninguém duvida de que Michel Temer seja um hábil articulador
político.
Não fosse e, sem votos como é, não se equilibraria há tento
tempo na presidência do saco de gatos que é o PMDB.
Mas lá está não poque seja um líder férreo. Ao contrário,
está por ser uma matéria pastosa, moldável, absorvedora de pressões e capaz de
conformar-se à conjuntura.
É Sarney? Que seja Sarney. É FHC? Viva o príncipe! É Lula,
que o seja. Mal estar mesmo, só teve com Dilma, que o tratou com suas reduzidas
dimensões e sem a pompa de que se julga merecedor.
Agora, porém, Temer está desafiado a ser a forma, não a
pasta que nela se amoldará.
E isso lhe é impossível.
Lula foi buscar Henrique Meirelles como o colchão que lhe
absorveria a hostilidade do mercado.
Temer foi buscar Meirelles para ser o rosto de seu governo.
É possível que Lula e Temer sejam tão ignorantes em matéria
de expansão do meio circulante e balança de pagamentos um tanto quanto o outro.
A diferença é que o primeiro ouvia estas coisas com uma
pulga atrás da orelha e o segundo como se fossem as revelações da tábua de
Moisés.
O primeiro era capaz de dizer : “Moisés, mas nem uma
olhadinha na mulher do vizinho pode?”
O segundo pensa: “deixa o Moisés dizendo isso que eu libero
deste mandamento o Padilha, o Geddel, o Jucá.
E o Moreira fica encarregado de acalmar o vizinho.”
Temer joga tudo num alívio imediato da situação econômica
que se vai traduzir numa queda dos índices de inflação.
Inflação baixa é a panaceia para as medidas antipopulares
desde que Dutra, após Getúlio, liberou a importação de “matéria plástica” que,
como Temer, servia para fazer de ioiôs até pentes de cabelo.
Meirelles terá o seu
mês de glória.
Talvez dois, enquanto os jabutis da crise plantados nas
árvores são retirados.
Mas a realidade se imporá, porque a realidade é a verdade.
O futuro do Brasil do
golpe é um ir para trás.
Sentido inverso ao qual
a história caminha.
Este é o drama do governo Temer.
Ter de andar para trás, e rápido, e brutalmente.
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