Por Caetano Scannavino
Nos últimos tempos, o PT foi exposto e dissecado na alma,
até por ser Governo. Com Dilma fora, passa pro 2o plano. A fila anda e uma nova
turma vem pra linha de tiro. Só que ao invés de chegar renovada pelo voto,
chega também exposta, desgastada e refém da própria narrativa que vinha
defendendo.
Isso vale pro delatado Temer e sua equipe de incriminados,
que agora dizem que o país não pode se basear em delações; pros paneleiros que
prometeram derrubar todos e nada fazem contra a nova facção que está aí; pra um STF que negocia seus vencimentos com
réus e deixa de julgar o afastamento do pior deles; pros “responsáveis” tucanos
que se dizem agora a favor das mesmas medidas econômicas que votaram contra;
pra uma mídia que passa vergonha por deixar de ser fonte lá fora, com direito
até a mea culpa de agencias estrangeiras aos seus leitores; pra uma FIESP que
em breve sentará na mesa pra discutir um novo imposto pra pagar o pato. E por
aí vai...
Será difícil escaparem do efeito bumerangue. Nesse jogo
raso, alguns começam a repensar se não teria sido melhor manter Dilma como
escudo, sangrando até 2018, “tudo como culpa do PT”. A agenda vinha sendo
cumprida a risca (terceirização, pré-sal,…), aprovada com facilidade em meio a
uma resistência que batia cabeça, mal resolvida na relação com um governo que
falava uma coisa e fazia outra. E o PT teria chegado morto nas eleições.
Mas depois de um impeachment "por incompetência”, basta
quem perdeu infernizar quem ganhou, chamar o caos criado de incompetência, e
mobilizar pra tirar o eleito. Esquece-se a disputa de ideias, propostas,
virando só disputa de poder. Não se governa, nem se faz oposição.
Nem política, responsável. Essa é a cultura que criamos pra
nós. E nem toda culpa foi do PT...
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