segunda-feira, 2 de maio de 2016

E AGORA, MICHEL?

Por Caetano Scannavino

Nos últimos tempos, o PT foi exposto e dissecado na alma, até por ser Governo. Com Dilma fora, passa pro 2o plano. A fila anda e uma nova turma vem pra linha de tiro. Só que ao invés de chegar renovada pelo voto, chega também exposta, desgastada e refém da própria narrativa que vinha defendendo.

Isso vale pro delatado Temer e sua equipe de incriminados, que agora dizem que o país não pode se basear em delações; pros paneleiros que prometeram derrubar todos e nada fazem contra a nova facção que está aí;  pra um STF que negocia seus vencimentos com réus e deixa de julgar o afastamento do pior deles; pros “responsáveis” tucanos que se dizem agora a favor das mesmas medidas econômicas que votaram contra; pra uma mídia que passa vergonha por deixar de ser fonte lá fora, com direito até a mea culpa de agencias estrangeiras aos seus leitores; pra uma FIESP que em breve sentará na mesa pra discutir um novo imposto pra pagar o pato. E por aí vai...

Será difícil escaparem do efeito bumerangue. Nesse jogo raso, alguns começam a repensar se não teria sido melhor manter Dilma como escudo, sangrando até 2018, “tudo como culpa do PT”. A agenda vinha sendo cumprida a risca (terceirização, pré-sal,…), aprovada com facilidade em meio a uma resistência que batia cabeça, mal resolvida na relação com um governo que falava uma coisa e fazia outra. E o PT teria chegado morto nas eleições.

Mas depois de um impeachment "por incompetência”, basta quem perdeu infernizar quem ganhou, chamar o caos criado de incompetência, e mobilizar pra tirar o eleito. Esquece-se a disputa de ideias, propostas, virando só disputa de poder. Não se governa, nem se faz oposição.

Nem política, responsável. Essa é a cultura que criamos pra nós. E nem toda culpa foi do PT...

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