Por Fernando Brito
Em qualquer parte do mundo civilizado, acusação, para ser
levada a sério, tem dois requisitos: lógica e provas.
Na entrevista que deu ontem ao Jornal Nacional, na falta de
provas – que não foram e não são apresentadas – Graça Foster tentou mostrar a
falta de lógica das acusações da ex-gerente Venina Velosa da Fonseca, de que a
presidente da empresa sabia dos esquemas de corrupção de Paulo Roberto Costa,
seu chefe por quase uma década.
Fica claro que Venina tinha todo o acesso possível a Graça e
poderia, a qualquer momento que quisesse, ter-lhe dito e mostrado, com os
documentos que, como braço direito de Costa, poderia (ou pode) ter reunido.
E que não o fez.
Graça também procurou demonstrar – e as anotações
curriculares de Venina, feitas por ela própria em seu Linkedin corroboram – que a história de Cingapura,
como se demonstrou aqui, são, na verdade, duas.
A primeira quando foi para lá como subordinada do próprio
Paulo Roberto Costa, com quem tinha se desentendido.
A segunda, já com Graça no comando da companhia, quando
recebeu (difícil que se receba sem pedi-lo) um posto de comando de uma
subsidiária da empresa em Cingapura, com o salário, nada desprezível, de mais
de R$ 167 mil reais mensais, afora benefícios como aluguel e escola para
dependentes.
Na primeira estada em Cingapura, sob o comando do “ladrão de
carreira” Costa, é possível que tenha assinado o contrato de seu hoje
ex-marido, Maurício Luz, com a Braskem – que tem 47% de capital pertencente à
Petrobras, para trabalhar na mesma Cingapura.
Se isso foi um “exílio” por conta das diferenças surgidas
entre parceiros de quase dez anos – Costa e Venina – ela deveria dizê-lo ou,
pelo menos, apontar as responsabilidades de Costa no assunto, não sair-se com
dramalhões do tipo ser mandada para o outro lado do mundo, histórias de “arma
na cabeça”, “não pude ver minha mãe”, etc…
Quem ganha isso pode, perfeitamente, comprar uma passagem de
avião quando quiser.
Venina, um mulher bem informada, capaz de dirigir negócios
de bilhões, sabe achar o endereço do Ministério Público e se cobrir de
garantias.
Não fez isso desde 2009/10 e nem mesmo veio a público, após
as denúncias sobre Paulo Roberto Costa
ou de sua prisão, em março (março!!!) deste ano para colaborar com as
investigações.
Só o fez depois de ser, no final de novembro, apontada como,
ao menos, co-responsável por contratos e aditivos feitos pela diretoria ocupada
por PRC.
Durante toda a entrevista, é visível a preocupação de Graça
Foster de não negar credibilidade aos documentos e informações que Venina, como
braço gerencial de Costa possa ter e fornecer.
Ela é, pela posição de proximidade total com o ex-diretor,
alguém em condições privilegiadas para saber tudo.
Mas onde estão as informações concretas de Venina, exceto
pelo gerente de comunicação denunciado, punido e processado judicialmente de
imediato?
Como, ao que conste, Venina não negocia um acordo de
demissão premiada, porque o sigilo das informações?
Qual é o interesse em usar o que ela diz agora contra uma
dirigente à qual não se acusa de um ato sequer de desonestidade?
Há, porém, uma grande falha nas declarações da presidente da
Petrobras.
Ela parte do princípio de que há algum interesse na verdade,
quando, de fato, o interesse político está acima de qualquer coisa.
Se a lógica tivesse alguma importância, o pobre cordeiro não
tinha virado o almoço do lobo que bebia rio acima.
Não adianta falar e agir como quem quer apenas a verdade.
A verdade tem de ser brandida como arma, porque é ela que
faz a mentira tremer.
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