Corruptor
Por Fernando Brito
O anúncio feito pela Petrobras de que suspendeu o direito de
praticamente todas as empresas de construção pesada de participarem de
licitações e, por consequência, serem contratadas pela empresa tem um sentido
político que vai além, muito além, do óbvio significado administrativo.
São 23 empresas – praticamente todo o ranking da construção pesada – atingidas: Alusa, Andrade Gutierrez, Camargo
Corrêa, Carioca Engenharia, Construcap, Egesa, Engevix, Fidens, Galvão
Engenharia, GDK, Iesa, Jaraguá Equipamentos, Mendes Junior, MPE, OAS,
Odebrecht, Promon, Queiroz Galvão, Setal, Skanska, Techint, Tomé Engenharia e
UTC.
É obvio que elas irão à Justiça – e neste caso, à Justiça
Federal – para contestar a decisão da estatal.
Que vai decidir se, por conta das denúncias da Operação
Lava-Jato, elas podem ser punidas com o impedimento de licitar, isto é, se
todos os contratos que viessem a firmar, a partir de agora, estariam sob
“suspeição prévia”.
Ou seja, se devem ser impedidas de trabalhar num setor onde
a grande maioria das obras é, direta ou indiretamente, contratada pelo setor
público.
E se, portanto, o Brasil terá de apelar para empreiteiras
estrangeiras, que passam a ser a quase única alternativa para fazê-las.
Não parece improvável que o ato administrativo da Petrobras
será derrubado no Judiciário, talvez até por liminar.
Mas a empresa, então, passa ao Judiciário a questão
essencial: a corrupção parte de quem se corrompe no setor público ou de quem,
no mundo dos negócios privados, onde não se presta conta do que se ganha ou do
que se gasta, os corrompe?
Paulo Roberto Costa e os outros “ladrões de carreira”, que
subiram nas estruturas da Petrobras se associando à carreira de ladrões muito
abundante nos negócios privados não são os únicos vilões.
Vamos ver se a Justiça tem, em relação aos corruptores, a
mesma coragem que tem – e deve ter – em relação aos corruptos.
A Petrobras, como se vê, está tendo.
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