O “programa” de Marina virou um “bunda-lelê”, como naquela música do Latino: todo mundo põe a mão, dos pastores aos latifundiários.
Por - Fernando Brito
Excelente a matéria do repórter Roldão Arruda, do Estadão,
sobre as águas profundas da passagem de Marina Silva pela Expointer, ontem, no
Rio Grande do Sul.
Agora, segundo ele, é a definição de índice de produtividade
dos latifúndios, para fins de desapropriação de terras ociosas que passou a
ficar “pendente de revisão” no programa marinista.
Marina anunciou -junto do outros pontos “já falecidos”, como
a união homoafetiva – que iria revisar estes índices, que datam dos anos 70,
quando a tecnologia agrícola engatinhava.
E ontem, o agronegócio exigiu que Marina passe a foice na
promessa.
Aliás, querem mesmo é que se “avance” para o fim da
desapropriação de terras improdutivas. Dizem que “o mercado” resolve isso
sozinho:
-Viu que o produtor rural, quando fica com a produtividade
abaixo da média, quebra. É o mercado que desapropria. Não precisa de um índice
especial. Tem índice para fábrica? Cinema? Restaurante? Não. Porque nunca
economia liberal, competitiva, quem não for produtivo, quebra.”
Quem fala é o ex-ministro Roberto Rodrigues, que conseguiu
que Lula não fizesse a revisão e agora, com Marina, percebe a chance de
sepultar de vez a ideia de desapropriar terras. Sim, porque cinema e
restaurante quem quiser e puder abre um até nos fundos do quintal. Terra é uma
só.
O curioso é que estes índices não são uma perigosa invenção
dos comunistas ou do MST. Foram fixados pelo governo militar e a lei tem hoje a
forma que tomou em 1993, em pleno
neoliberalismo.
O “programa” de Marina virou um “bunda-lelê”, como naquela
música do Latino: todo mundo põe a mão, dos pastores aos latifundiários. (Blog Tijolaço)
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