Autor: Fernando Brito
A pesquisa Datafolha divulgada hoje seguiu exatamente aquilo
que, domingo, já havia sido dito aqui sobre como seria o “ritual” de
apresentação da queda da candidatura Marina Silva.
Na verdade, foi além, em matéria “capricho” para evitar que
a opinião pública não seja informada dela com a mesma intensidade do que fora,
antes, informada de sua subida vertiginosa.
A “operação” passou, inclusive, pelo fato de a Globo ter
deixado de divulgar ontem, no Jornal Nacional , os números da pesquisa, como
estava previsto, inclusive porque a Globo era, ao lado da Folha, contratante do
levantamento, que já estava dentro do prazo hábil para divulgação.
Não existe explicação plausível, senão esta, para a inédita
substituição do veiculo que anunciaria ao Brasil as mudanças no quadro
eleitoral: sai William Bonner, no Jornal Nacional, entre Chico Pinheiro no Bom
Dia, Brasil.
Até à noite, quando o resultado for da do no Jornal
Nacional, maquina-se uma forma de dissolver o impacto da vantagem de Dilma.
Mas porque tanta preocupação, se os resultados, pesquisa
após pesquisa, tem sido quase todos apresentados como “oscilando na margem de
erro”?
Cada vez mais me convenço que estamos diante daquela velha
piada de português, na qual o Joaquim, no Brasil, reclama da mulher, em
Portugal, da falta de tato em avisar da morte da gatinha que ambos tinham por
lá e pede que avisos assim sejam dados “aos poucos”.
Com todos os perdões aos lusos – inclusive os da minha
família -, a caricatura é mais ou menos
como vem sendo apresentada a queda de Marina Silva.
É grande e real a dúvida da direita de que ela será uma
opção sustentável até o final do primeiro turno e, sobretudo, no segundo turno.
O movimento de rejeição crescente à sua candidatura é sério
demais para ser ignorado pelos analistas do “Comando Marrom” , como Brizola
chamava a direção do “partido único da mídia”.
O Datafolha já situa
a rejeição a Marina acima da de Aécio Neves, o que não é pouco, portanto.
Apostar todas as suas fichas nela, como fazia até duas
semanas atrás, demonstrou-se desastroso, porque levou Aécio, o PSDB e as estruturas
orgânicas da direita para a UTI, sem que tivesse sido garantida, como
contrapartida ao lance ousado, uma
tendência irresistível de vitória da “Nova Marina” sobre Dilma e Lula.
A impressão que tenho é a de que ainda não se esgotou a
“caixinha de surpresas” desta eleição.
Ainda pode chegar uma carta com notícias”fora da margem de
erro” para o Joaquim.
Aliás, cartas ao Joaquim, mesmo, estão sendo enviadas com
furor pelo tucanato.
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