Depois da popularização da internet, a partir de 1996, essa
história de “mídia técnica” baseada em audiência faz tanto sentido como a
obrigação de as empresas publicarem seus balanços anuais em jornais impressos:
nenhum.
O problema é que tem muita cabeça velha tratando de coisas
novas, e não apenas no governo federal. A audiência da internet é zilhões de
vezes superior à da mídia tradicional, aí incluída da TV Globo, suas afiliadas,
assemelhadas e assimiladas, país afora.
O que temos hoje é esse mecanismo perverso que injeta
milhões de reais por ano nos oligopólios de mídia que se sustentam de dinheiro
público, mas não prestam serviço algum à sociedade, justamente porque
concentram seus interesses na defesa pura e simples do grande capital rentista
e do latifúndio.
Isso significa que o governo do PT, com essa história de
“mídia técnica”, tem financiado a mesma mídia que sataniza as ações
assistenciais do governo, sabota os anseios populares e criminaliza os
movimentos sociais. Isso em nome de uma liberdade de imprensa de viés golpista
que é imposta pelos grupos de mídia como chantagem permanente ao Estado de
direito, como se fosse a imprensa, e não as instituições nacionais, o
verdadeiro guardião da cidadania.
A titubeante, confusa e deliberadamente evasiva posição do
ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, em relação à discussão do marco
regulatório das telecomunicações no Brasil é fruto, exatamente, dessa situação
esdrúxula na qual os detentores do poder de decisão a favor da sociedade são os
primeiros a se acovardarem ao primeiro sinal de insatisfação do Louro José.
As emissoras de tevê trabalham sob regime de concessão
pública. O governo federal tem direito, por lei, a espaço gratuito durante a
programação para veicular pronunciamentos oficiais e deveria usá-los com maior
frequência, em vez de gastar bilhões em publicidade.
Essa situação já saiu do campo do ridículo e caminha, a
passos largos, para a esfera do crime de responsabilidade.
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