O bilhete "premiado" João Domingues Gonçalves, o saudoso “Doute”, teve rica passagem nesta terra de Senhora Santana.
Foi um dos fundadores da “Casa Império”, presidente por muitos anos da “25 de Março”, vereador, desportista que ia ao Maracanã ver seu Flamengo jogar, também festeiro e gozador. Para curtir a vida não dependia dos clubes sociais.
Ficaram famosos os “assustados” que promovia reunindo os amigos. Muitos em frente a própria residência, na Barão de Cotegipe, com direito a gambiarras, lâmpadas coloridas, som potente e derrame de "uísque escocês, legítimo e honesto", como fazia questão de lembrar aos convivas.
Numa dessas noitadas, um vizinho recente, autoridade do poder judiciário, não conseguindo dormir com a zoada, saiu ainda de pijama e procurou saber os motivos para tamanha festa em pleno meio da semana.
Um dos presentes, como forma de despistar, disse que Doute estava comemorando o bilhete premiado da Loteria Federal.
Sono perdido, o vizinho ficou a assistir a festança. Quando o dia já clareava se aproximou de Doute e antes de parabenizar o novo milionário feirense, perguntou o valor do bilhete premiado:
Doute, de tênis, meias coloridas, bermuda branca, camisa do Flamengo, copo de uísque na mão direita, colocou a esquerda no ombro da autoridade e disse estampando felicidade no rosto:
- Vizinho, tirei o mesmo dinheiro...
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