terça-feira, 24 de outubro de 2023

FEIRA ONTEM

                                                                         

O “NEGÃO” E O CAMINHONEIRO

POR ADILSON SIMAS

 

                        Em outubro de 1974 a cidade foi abalada com a notícia da morte do médico Jackson do Amaury, ex-vereador e primeiro secretário de Saúde, esmagado por um trator em sua própria fazenda. Recordo que na missa de corpo presente o mestre Carlos Kruschewsky levou todos à emoção, ao exaltar a figura generosa do “Negão”, como o medico era carinhosamente chamado, inclusive pela camada mais humilde.

                       O prefeito José Falcão o homenageou dando seu nome à confluência da avenida Presidente Dutra com a rua J.J. Seabra. Já  o prefeito Colbert Martins atendendo sugestão de médicos, pacientes e admiradores de Jackson do Amaury, mandou fazer o seu busto que só não foi erguido na praça porque a firma contratada  fez a entrega quando a gestão estava na reta final.

                        No inicio do primeiro quatriênio do prefeito José Ronaldo, a Secretaria de Planejamento anunciou a descoberta  de um busto perdido no almoxarifado e ao ser identificado como sendo do doutor Jackson o governo garantiu, conforme noticiado na televisão, rádios e jornais, que o mesmo seria erguido no logradouro, o que infelizmente ainda não aconteceu.

                        Fiz esta nostálgica viagem no tempo em razão de uma entrevista que, por telefone, o prefeito Ronaldo  concedeu à Rádio Povo, dentro do programa “Primeira Página”, ancorado pelo dublê de jornalista e radialista Valdomiro Silva.

                        Depois de tratar de outros assuntos, o chefe do executivo encerrou dizendo que ia passar para o entrevistador e os ouvintes uma boa notícia. Anunciou, então, um monumento de autoria do artista Gil Mário, dedicado ao carreteiro, que será implantando em Feira, tendo como local  a praça com o nome do médico.

                        Foi realmente uma boa notícia. Louvável, pois, a idéia abraçada pela administração municipal. Afinal se de norte a sul a Feira tem sido apontada como “Cidade Encontro das Rodovias”, natural a construção um monumento ao carreteiro. E em se tratando de Gil Mário, já se pode antever mais uma rica obra embelezando a paisagem urbana feirense.

                        O governo, no entanto, foi infeliz na escolha do local para erguer o monumento. Por uma razão muito simples: o verdadeiro carreteiro, aquele que faz o transporte de cargas, levando para os quatro cantos do Brasil a produção nacional, continua passando pelo território feirense, mas já não trafega por dentro da cidade.

                        Isso há mais de cinco décadas, desde que surgiu o Anel de Contorno. Decorridos tantos anos é possível que o carreteiro,  que muitas vezes passa Natal, Ano Novo e outras datas festivas pelas “estradas da vida”, nem imagina a existência da confluência entre a Presidente Dutra e J.J. Seabra, pois seu roteiro por Feira se resume a avenida Eduardo Fróes da Motta, como foi batizado o anel rodoviário.

                        Por fim, entendo que o alcaide poderia ter matado dois coelhos com uma só cajadada: erguendo o monumento ao carreteiro em local onde ele possa ser vislumbrado também e principalmente pelos caminhoneiros brasileiros e ao mesmo tempo completar a justa homenagem do poder público ao saudoso “Negão”.

                        Essa é apenas uma opinião de quem acompanha com interesse e carinho, tudo o que acontece nesta cidade, condenando mesquinharia política (AS).

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