Filho
de Jacobina com passagem pelo Rio de Janeiro onde trabalhou ao lado de nomes
famosas do radio brasileiro, Aristeu Queiroz
participou da chamada fase de ouro do rádio feirense, tanto na Rádio Sociedade como
na Cultura, na época as duas emissoras existentes em Feira de Santana.
Dublê de
radialista, cantor e compositor, com várias canções de sua autoria e por ele
interpretadas sendo tocadas nas duas emissoras, Aristeu Queiroz era o profissional mais
procurado para criar e gravar
comerciais. Contribuía para ganhar a preferência dos comerciantes que queriam
divulgar seus produtos, o grande sucesso que fazia nos seus programas de auditório.
Os mais
antigos, por exemplo, ainda recordam que
o auditório da Rádio Sociedade, instalado no velho edifício “Capirunga”, na
esquina da rua Monsenhor Tertuliano
Carneiro com a praça Fróes da Motta “se
enchia de gente para aplaudi-lo”. Aristeu, violão em punho, fazia o auditório
chorar cantando as desventuras da ceguinha, na porta da igreja pedindo esmolas:
“Ai, quem não vê a luz do dia; Chora,
chora de agonia...”
Quando
produzir “jingles” era um privilegio apenas
para o sul do país, coube a Aristeu Queiroz
compor e cantar o comercial da “Casa das Borrachas”, uma das poucas firmas daquela época ainda em
atividade e funcionando no mesmo local (rua Marechal Deodoro). O seu
“testemunhal” , como se diz atualmente, assim era ouvido pelas ondas das
emissoras:
- “Motorista, atenção; Tudo o que você
precisa para o seu caminhão; Artigos de borracha; Acessórios também; A Casa das Borrachas tem”
Cidade de
origem comercial, ainda não se falava em industrialização, muito menos no
Centro Industrial do Subaé, quando surgiu nas imediações da distante Serraria
Brasil, a Industrial de Refrigerantes Angyl, que logo contratou seus serviços
profissionais para divulgar o produto. Sempre com o violão, Aristeu cantava a
nova marca:
- “Refrigerantes só Angyl; Os melhores
fabricados no Brasil. Laranja Citra e Guaraná
Mirim; Gasosa boa prá você e prá mim...”
Também nos embates eleitorais Aristeu Queiroz era
convocado para produzir musicas de campanhas. Uma delas foi feita para o
candidato a deputado estadual Pedro Matos, proprietário do jornal “A Gazeta” e
fundador da rede “Emissoras Unidas da Bahia”, da qual fazia parte a Rádio Sociedade de Feira
de Santana. Aristeu gravou esse “jingle”
inserido ao longo da programação da ZYR/3:
- “O Brasil está sofrendo minha gente;
Precisamos combater esta aflição; Eu pergunto quem não sofre, quem não sente;
Esta hora que tortura o coração; Nosso povo sempre foi independente;
Trabalhando pela glória do país; Deste povo nasce um homem competente;
Sertanejo que ampara o infeliz; Este
homem é Pedro Matos; Nova força da batalha nacional; Candidato a deputado estadual”.
MORTE
NA COLONIA
Apaixonado e
sem ser correspondido, Aristeu fazia uso
excessivo da bebida que o afastava dos microfones. Estimulado pelos que
conheciam mais de perto os seus
problemas, principalmente Frei
Hermenegildo e Araújo Freitas (Rádio Sociedade) e Antonio Pereira e Ana
Benedita (Rádio Cultura), retornava as atividades,novamente cantando nos auditórios os versos tristes que lembravam
sua amada:
“Zefinha, você que é da terra onde nasci;
Me conta Zefinha, minha conta; O que faz você por aqui”...
Dominado
pelo álcool e depois de mais uma rápida temporada na sua Jacobina, Aristeu era visto perambulando pelas ruas de
Feira de Santana, até ser internado no Hospital Colônia Lopes Rodrigues, aonde veio a falecer, entre
os loucos, em 12 de junho de 1976. Mesmo sem o tradicional violão, contam que
muitas vezes foi visto na colônia cantando com sua voz macia e dolente, a
cidade que tanto amou:
“Feira de Santana, Princesinha do Sertão; Lindas
cidades baianas, que fascina o meu coração; Você que vai para Feira, s sabe que
eu sofro assim; Você que vai para Feira, abrace Feira por mim...”.
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