domingo, 23 de agosto de 2020

24 DE AGOSTO – EM 1954 O PAÍS CHOROU A MORTE DE GETÚLIO VARGAS

O Feiticeiro de São Borja

Livro de Osvaldo Orrico - 1976

A moeda perigosa

 

Muitas anedotas de Getúlio ou sobre Getúlio foram inventadas pelo povo como diagnóstico das características que o marcaram como político e homem do poder.

Entre essas histórias que aparecem aqui e ali, algumas sobrevivem pela verossimilhança com que foram criadas para definir seu instinto de sobrevivência no palco dos acontecimentos que por tanto tempo dominou.

Às vezes o episódio é montado e urdido com tamanha naturalidade que até se aponta o nome das personagens que dele participaram.

Tal é o caso de uma senhora angustiada, que procurou o Hospital do Pronto Socorro, onde é atendida pelo médico de plantão, o doutor Caiado de Castro.

Do grande cirurgião se aproxima e a mulher em lágrimas:

- Doutor. Estou desesperada. Meu filho engoliu uma moeda.

O cirurgião tenta acalmá-la:

- Isto, minha senhora, ocorre todos os dias. Não é motivo para susto. O menino não corre nenhum perigo.

E trata de investigar a causa e que tipo de moeda foi engolida.

- Foi uma dessas de níquel, postas agora em circulação.

- De níquel, dessas que tem a efígie do Presidente Getúlio?

- Dessas mesmo, doutor, dessas mesmo.

O cirurgião coça a cabeça:

- Já extrair do estômago das crianças muitas quinquilharias que elas engolem: botões, bolas de gude, pratinhas de um e dois cruzeiros; mas essa, minha senhora, vai ter de ficar na barriga do menino.

- Mas por que, Doutor?

- Porque essa, minha senhora, quando entra não sai

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