Por Fernando Brito
Jair Bolsonaro diz que o Brasil só aceita a ajuda de R$ 83
milhões (US$ 20 milhões) oferecida pela União Europeia para ajudar no combate a
incêndios na Amazônia se o presidente da França, Emmanoel Macron, retirasse “os
insultos” que fez a ele, claro que sem mencionar os que ele fez a Brigitte
Macron…
Bolsonaro teria toda a razão em reclamar da ajuda, que é
extremamente pequena em relação as que a União Europeia faz a outras causas: só
em ajuda ao comércio internacional a UE e seus estados membros doaram, em 2017,
154 milhões de euros.
Mas não de a condicionar a uma questão de “satisfação
pessoal”.
Senão, Macron também poderia dizer que a França só
participaria de houvesse um “pardon, Brigitte”. Ou Ângela Merkel a retirar-se o
“vá plantar floresta” e a Noruega o mesmo, sobre o vídeo das baleias da
Dinamarca.
Sabem porque esta onda? Porque Jair Bolsonaro não tem um
pingo de interesse em dotar o país de ferramentas para combater o histórico
problema do desmatamento.
Nunca teve e não tem agora.
Bolsonaro não vai assumir qualquer compromisso ambiental – a
óbvia contrapartida de qualquer ajuda a fundo perdido – porque pensa- e já
disse várias vezes – que as terras indígenas, os parques e as reservas são o
que está “sufocando o Brasil” e sufocando o agronegócio, como revelam seus
próprios discursos, recolhidos por Lúcio de Castro, da Agência Sportlight de
jornalismo.
Por isso, segue agindo como um moleque, daqueles que grita
“quem passar daqui xinga a mãe do outro”.
Bolsonaro tem de sair deste assunto: deixar que Ibama,
ICMBio e Exército respondam pelas operações anti-incêndios e que o Itamarati
cuide dos entendimentos com a União Europeia.
Bolsonaro não apaga incêndios, os ateia.
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