Por Fernando Brito
Extensa e tocante reportagem de João Valadares, hoje, na
Folha, mostra como, no sertão nordestino, Lula é uma quase unanimidade e o voto
em seu indicado, Fernando Haddad, uma consequência disso. Um texto que vai, por
onde quer que seja lido, despertar duas reações.
Uma, a de quem entende o sentimento popular como uma força
mobilizadora que brota da realidade de gente esquecida durante 500 anos de
história. Gente que viu, com Lula, apenas uma fresta do que pode ser viver
“vida de gente”.
Outra, a dos que, de barriga cheia, acham que isso é
“populismo”, “fanatismo”, coisa de gente miserável, que não é capaz de
raciocinar e votam num poste do qual nem sabem pronunciar corretamente o nome,
embora entenda-lhe perfeitamente o sentido.
Talvez a intenção da matéria seja exatamente esta, mas a
força que brota daquele povo humilde derruba os que só querem ler aquela
sabedoria como ignorância.
Ignorância, de verdade, era aquilo no que apostavam, porque
se aferravam à esperança que o povo não soubesse achar o nome de Lula nas
eleições.
Ignorantes foram eles,
os tolos, os pretensiosos, os que jamais entenderão que isso poderia ter
um nome bonito, bem intelectual: o povão se aferra ao que nunca tiveram:
sensação de pertencimento ao mundo e a este país.
É típico do elitismo, de gente que, em outras épocas,
manifestou o mesmo desprezo pelo operário que não votava, nem abaixo de pau,
contra o “Doutor Getúlio”. Gente como meu avô, que saiu de uma
“cabeça de
porco” para uma casinha modesta e limpa do IAPI.
Eles, sim, são limitados, porque não entendem que esta é a
matéria prima de construção de um país: ter um povo que se sente gente. LEIA AQUI
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