Por Jota A. Botelho
Com a morte anunciada da classe média getulista o Brasil
chega finalmente nos Tempos Modernos chapliniano. Quanto atraso! Nele surgirá
uma nova classe média brasileira que nos lembrará Carlitos, com direito a um
figurino burguês trajando terno e gravata amarrotados e puídos, um chapéu coco
e uma bengalinha para dissimular o vagabundo que se esconde dentro desses
trajes. Mas sem a genialidade do maior personagem já criado no cinema em todos
os tempos. Viverá também nos becos e ruelas das grandes cidades, ou nos rincões
do país, sempre fugindo do encalço da polícia ou dos guardas de esquina,
fazendo biscates, vivendo ao léu. E também sem a doçura e o humanismo que o
personagem criado por Chaplin comovia a todos, desde o mendigo ao milionário.
Terá agora a sua oportunidade de pagar o preço de suas pretensões e veleidades,
de sua ignorância e vilania ao tripudiar da DEMOCRACIA BRASILEIRA.
Agora nos encontraremos no beco, para onde todos fomos
empurrados. Homens, mulheres, brancos, negros e índios, jovens, idosos e
crianças. Famílias inteiras... Foram várias décadas desde que Getúlio Vargas
criou a CLT odiada pelos rentistas e patrimonialistas transnacionais que sempre
a rejeitaram, incluindo nesse tempo getulista marcado por um profundo rancor os
trezes anos do guarda-chuva 13 que fechou o verão nesses idos de março de 2017,
desembocando nas águas do São Francisco. Falar de promessas de vida, numa hora
dessas, faz crer que teremos um novo futuro pela frente. Chaplin diz que sim! E
como sou um esperançoso, também! Mas como a vida nos machuca quando não damos
certo. Smile! Smile! Sorria! Sorria! Temos uma longa estrada deserta pela
frente!...
Nenhum comentário:
Postar um comentário