Por Fernando Brito
Na tarde de hoje, duas mulheres deveriam ter sido notícia.
Só uma delas foi, praticamente.
Uma, mesmo afastada do poder, vai visitar as obras do
acelerador de partículas, o O Laboratório de Luz Síncroton na Unicamp, instalações e equipamentos sofisticadíssimo,
indispensável a pesquisas avançadas sobre física atômica, química, biologia e
nanotecnologia.
Outra, vira ré no
processo por ser “usufrutária” dos roubos do marido, flagrada por despesas de
dezenas de milhões de reais em um só dia em lojas de griffe e outros mimos.
A primeira mulher, Dilma Rousseff, é quase ignorada pela
imprensa e mandam-lhe cortar até o clipping dos jornais, apesar de ser a
Presidente da República, está sendo julgada pelo Senado, por uma maioria
sanguinária, que não se importa que até as testemunhas de acusação a inocentem
dos supostos crimes de que é acusada.
A segunda, que não recebe xingamentos, palavrões,
hostilidades – e não deve mesmo receber – vai ficar pouco tempo na Vara de
Sérgio Moro – como avisa o próprio Eduardo Cunha em seu facebook – para ser
julgada com toda a isenção e oportunidades de defesa no Supremo, até porque
seus crimes são absolutamente integrados ao do marido.
Uma é o Brasil moderno, onde as mulheres se afirmam como
dirigentes, profissionais, cientistas, seres humanos plenos de direitos e
oportunidades.
A outra é o Brasil do “minha senhora”, onde a “madame” é uma
projeção do marido e de seu dinheiro, de onde lhe vêm os alfinetes, ainda que
de ouro. E ela será virtuosa se bela, recatada e do lar. Ou dólar, Miami, St.
Moritz…
Qual é o Brasil que queremos e teremos amanhã?
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