quinta-feira, 9 de junho de 2016

DUAS MULHERES

Por Fernando Brito

Na tarde de hoje, duas mulheres deveriam ter sido notícia. Só uma delas foi, praticamente.

Uma, mesmo afastada do poder, vai visitar as obras do acelerador de partículas, o O Laboratório de Luz Síncroton na Unicamp,  instalações e equipamentos sofisticadíssimo, indispensável a pesquisas avançadas sobre física atômica, química, biologia e nanotecnologia.

Outra,  vira ré no processo por ser “usufrutária” dos roubos do marido, flagrada por despesas de dezenas de milhões de reais em um só dia em lojas de griffe e outros mimos.

A primeira mulher, Dilma Rousseff, é quase ignorada pela imprensa e mandam-lhe cortar até o clipping dos jornais, apesar de ser a Presidente da República, está sendo julgada pelo Senado, por uma maioria sanguinária, que não se importa que até as testemunhas de acusação a inocentem dos supostos crimes de que é acusada.

A segunda, que não recebe xingamentos, palavrões, hostilidades – e não deve mesmo receber – vai ficar pouco tempo na Vara de Sérgio Moro – como avisa o próprio Eduardo Cunha em seu facebook – para ser julgada com toda a isenção e oportunidades de defesa no Supremo, até porque seus crimes são absolutamente integrados ao do marido.

Uma é o Brasil moderno, onde as mulheres se afirmam como dirigentes, profissionais, cientistas, seres humanos plenos de direitos e oportunidades.

A outra é o Brasil do “minha senhora”, onde a “madame” é uma projeção do marido e de seu dinheiro, de onde lhe vêm os alfinetes, ainda que de ouro. E ela será virtuosa se bela, recatada e do lar. Ou dólar, Miami, St. Moritz…

Qual é o Brasil que queremos e teremos amanhã?


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