Vivemos num país onde não faltam pastores de boas almas. Você sabe quem são essas pessoas.
Adoram explicar que o brasileiro não gosta de colocar a mão
no bolso para a filantropia. Reclamam da falta de solidariedade na vida
cotidiana. Falam de egoísmo como uma doença incurável. Detestam o Bolsa Família
porque preferem esmolas. Falam mal do Mais Médicos e adoram Médicos sem
Fronteiras. Criticam universidades públicas porque são a favor de ensino
superior privado - como nos Estados Unidos - reservando bolsas apenas para
alunos pobres que têm um desempenho próximo da genialidade.
Pois o acidente de Luciano Huck, Angélica, seus três filhos
e duas babás criou uma oportunidade rara para se debater essa situação - e as
responsabilidades de cada um na solução dos problemas que afligem a maioria dos
brasileiros.
Há pelo menos 20 anos que a saúde pública é o principal
problema do país, dizem os brasileiros nas pesquisas de opinião. Às vezes está
em primeiro lugar. Outra, em segundo. Raramente, em terceiro.
Mas Luciano Huck e Angélica não tem do que reclamar neste
aspecto.
Saíram do Hospital mantido pelo SUS no Mato Grosso do Sul distribuindo
elogios rasgados ao atendimento. Mesmo brasileiros que reservam uma parcela
importante do salário para pagar um plano de saúde privado não costumam ficar
tão satisfeitos quando são atendidos.
Por Paulo Moreira Leite
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