Por Osvaldo Ventura
Desde
o golpe militar que derrubou o imperador D. Pedro II e instaurou a forma
republicana de governo em nossa pátria, jamais houve tempo tão grande de
convivência democrática na sociedade brasileira. Afinal, a falta de liberdade e
o desrespeito aos direitos humanos marcaram de dor e sofrimento toda uma
geração, respingando em outra.
Razão
suficiente para se cultuar, após a tragédia, a existência de um Regime
Democrático de Direito.
Obviamente,
levando-se em conta o conceito de Democracia Burguesa, na qual o Poder estará
sempre em mãos das classes dominantes. Ou seja, formalmente é o governo do
povo, pelo povo e para o povo. Mas, na prática, as decisões de Estado serão
eternamente produto dos conchavos das elites detentoras dos meios de produção.
Apesar
disso, com exceção do tresloucado confisco dos ativos financeiros no governo
Collor de Mello, tivemos três décadas sem quaisquer restrições às liberdades
democráticas e aos direitos individuais e coletivos.
Contudo,
a mídia oligopolizada e manipuladora, receosa de perder privilégios com mais
avanços democráticos, atualmente envenena as massas com seu discurso
pernicioso, dissimulado e destruidor.
Por
certo, tem medo da Democracia!
A
dúvida hoje é se a burguesia e a classe média tradicional “suportarão”, de bom
grado, “os efeitos colaterais” de um regime democrático. Principalmente a
inclusão social. O reconhecimento de que o povo existe como sujeito de direito.
Essência da verdadeira democracia.
Porquanto,
a maioria da burguesia brasileira, que carrega no seu DNA a “síndrome da
Casa-Grande”, certamente gostaria de continuar se servindo da Senzala. Este,
igualmente, deve ser o desejo da maior parte de nossa classe média tradicional.
Eternamente espremida entre a ânsia de subir e o temor de cair social e
economicamente. Desde sempre
refém do discurso classista, discriminatório e preconceituoso das elites que
controlam o Poder. Essa classe média, na medida em que clama pelo golpe,
antessala da ditadura, também tem medo da Democracia.
Até
experimentar os tacões do arbítrio, da barbárie e da prepotência. Quando,
então, será tarde demais para implorar por uma fresta de luz na escuridão de
uma ditadura.
Há
que se repetir: “A Democracia é a pior de todas as formas de governo,
excetuando-se as demais”.
(*)
Advogado, escritor
Membro
da Academia Feirense de Letras
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