Dan Moche Schneider
Li, aprendi e vou
observando que gente e meio ambiente são mediados por relações econômicas.
Comecei a aprender isso quando, já engenheiro, voltei à escola que, um dia,
recebeu o seringueiro e sindicalista, à época ainda desconhecido no Brasil,
Chico Mendes.
Nesse dia aprendi que na floresta viviam povos -
seringueiros, índios ribeirinhos - que dependiam de seus produtos para viver e
continuar vivendo. E que havia um projeto - reservas extrativistas - que
poderia desenvolver, além dos serviços amibientais gratuítos, uma outra função
econômica, em contraposição ao projeto de sua derrubada para produzir
carne.Quando Chico Mendes foi assassinado, vivenciei dolorosamente o poder da
racionalidade econômica hegemônica que tudo pretende subordinar, inclusive a
vida e a morte. Assistimos, impotentes, seu assassinato anunciado, pelas mãos
daqueles que queriam a floresta para pa$to$, mas também vimos as reservas
extrativistas ganharem realidade. Aprendi que pensar grande, começar pequeno e
agir agora produzia resultados na construção de uma sociedade mais equilibrada:
socialmente mais justa, economicanente inclusiva e ambientalmente responsável.
Em outubro teremos a possiblidade de eleger o grupo que irá conduzir, em parte,
a economia do país. Oxalá fosse realidade o princípio constitucional de que
todo o poder emana do povo. Mas enquanto não se realiza a reforma política que
proiba o financiamento privado de campanhas políticas e a quebra do monopólio
da mídia, continuaremos a conviver com o poder do 1% endinheirado &
poderoso.
1% endinheirado e poderoso que se apropria da maior parte da
riqueza produzida. Produção de riqueza (e seu consumo) que está erodindo as
bases de sustentação da vida. Bases de sustentação da vida defendida pela
candidata Marina que defende os ideais economicos do 1%. Limites ecológicos já
foram ultrapassados, pressionados por um lado pela demanda do excesso e
desperdício do 1%, e por outro lado, pela escassez dos 99%. Nesse contexto, a construção de uma sociedade
ambientalmente responsável - principal bandeira de Marina - demanda uma profunda distribuição de
riquezas. Uma sociedade socialmente mais justa demanda o mesmo: profunda
distribuição de riquezas. O espaço de convivência começa a fazer água. Ou
melhor, já falta água. Marina fez suas escolhas. À ela dedico essa canção:
Metamorfose ambulante
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