Patricia Faermann
Atualizado às 15 horas de 19/09/14.
Jornal GGN - A Polícia Civil do Distrito Federal deflagrou
nesta manhã (19) um esquema de desvio de recursos da União ao Serviço Social do
Transporte (Sest) e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat), em
Brasília e em Minas Gerais. Entre os suspeitos, a polícia procura o ex-senador
Clésio Andrade, que foi vice do então governador de Minas, Aécio Neves, entre
2003 e 2006.
Clésio Andrade também foi presidente da Confederação
Nacional de Transporte (CNT). Um mandado de busca e apreensão foi enviado à sua
casa, em Belo Horizonte, e outro de condução coercitiva, obrigando-o a prestar
depoimento. Até o fim desta manhã, o empresário não foi encontrado.
A investigação da Polícia Civil apresenta que o prejuízo
confirmado pelo esquema passa dos R$ 20 milhões. O repasse teria ocorrido entre
2011 e 2012 de um montante enviado pela União para cursos profissionalizantes e
contratação de prestadores de serviços do Sest e Senat. Ainda segundo a
investigação, os diretores receberam gratificações salariais milionárias, e
falsificavam documentos para justificar os valores superfaturados à
Controladoria Geral da União (CGU).
"Existe uma clara divisão de tarefas e, ao que tudo
indica, comandada por um ex-senador da República", afirmou o chefe adjunto
da Deco (Delegacia de Repressão ao Crime Organizado), Luiz Fernando Costa de
Araújo, em coletiva de imprensa, referindo-se a Clésio Andrade.
A ação, considerada pela polícia como uma megaoperação,
mobilizou 180 policiais civis e contou com o apoio do Ministério Público do
Distrito Federal e Territórios e da Controladora-Geral da União (CGU). Os
policiais ainda explicaram que a suspeita de participação do ex-parlamentar
ocorreu quando analisaram os documentos enviado por Clésio Andrade que
justificavam as gratificações.
O inquérito da polícia aponta remuneração anual acima de R$
300 mil a 23 funcionários do Sest/Senat, durante o ano de 2012, além do
pagamento de quantias milionárias a trabalhadores autônomos que eram parentes
ou sócios de dirigentes e funcionários das entidades.
Somente hoje (19), quatro pessoas já foram presas na
operação denominada São Cristóvão: a diretora-executiva do Sest/Senat entre
1995 e 2013, Maria Pantoja; a coordenadora de contabilidade, Jardel Soares, a
coordenadora de administração, Nilmara Chaves, e a assessora especial da
editoria-executiva Anamary Rocha.
Em julho deste ano, Clésio Andrade renunciou ao cargo de
senador pelo PMDB, alegando problemas de saúde.
O ex-parlamentar é denunciado, ainda, por outra ação penal.
Réu no mensalão tucano, acusado de peculato e lavagem de dinheiro por ocultar
recursos recebidos de Marcos Valério, durante a campanha de Eduardo Azeredo ao
governo de Minas, em 1998. No período, Clésio Andrade era candidato a vice de
Azeredo.
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