Depois de romper com Lula, com o PT, com o PV, e isolar-se no PSB, Marina Silva é uma salvadora da pátria que quer juntar Neca (Setubal) e Chico (Mendes). Pode?
por Paulo Moreira Leite
Foi possível comprovar no debate da Bandeirantes que Marina
Silva escolheu o caminho mais confortável para fazer campanha eleitoral.
Se você passar as ideias de Marina numa máquina de fazer
suco, irá sobrar um ponto: a pregação da unidade. Marina diz que o Brasil está
cansado da polarização. Diz que o tempo de conflito entre PT e PSDB acabou.
Afirma que é preciso unir os bons, os capazes, os honestos, que estão em toda
parte, em todos os partidos. Diz que o país está cansado de criticar uma
“elite” onde se encontram Neca Setubal e Chico Mendes, e também lideranças
indígenas e grandes empresários. Olha que bonito. Não há poder econômico, nem
desigualdade, nem poder de classe. Não há, é claro, um sistema financeiro de um
país que, tendo a sétima economia do mundo, possui bancos cujo rendimento
encontra-se entre os primeiros do planeta.
É bom imaginar que o mundo é assim. Relaxa, conforta.
Permite interromper o debate e tirar férias. Pena que seja uma utopia de
conveniência.
Mais. É uma fantasia que não cabe na biografia de Marina
Silva. Pelo contrário.
Poucas vezes se viu uma história de divisão e desagregação
como método de ação política.
Veja só. Ela rompeu com o governo Lula, onde fora instalada
no Ministério depois da campanha — de oposição — contra o governo Fernando
Henrique Cardoso. Saiu do PT e foi para o PV. Saiu do PV e foi para a Rede.
Incapaz de unificar os militantes e ativistas que queriam transformar a Rede
num partido, bateu às portas do PSB depois de denunciar a decisão do TSE. Criou
casos, brigas e divergências desde o primeiro dia. MAIS
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