domingo, 10 de agosto de 2014

A MÍDIA NÃO PROCURA O PRIMO DE AÉCIO

Por Paulo Nogueira, 

Pobre jornalismo. Pobre público. Pobre Brasil.
Soubemos, pela Folha, que Aécio mandou construir um aeroporto num terreno que pertencia a seu tio, na cidade de Cláudio, em Minas.
Soubemos também que, embora pretensamente público, o aeroporto ficava fechado.
Segundo a Folha, a chave está, ou estava até a denúncia, nas mãos de um primo de Aécio, Tancredo Tolentino, o Quedo.
Se a mídia tivesse qualquer interesse em aprofundar essa história, um passo básico seria mostrar quem é esse primo. E ouvi-lo.
Em circunstâncias normais, isso seria mandatório no bom jornalismo.
Agora: quando o primo em questão tem a história que Tancredo tem, passa a ser um acinte não colocar holofotes nele.
Já que estamos falando de chave, Tancredo é o que popularmente se chama de chave de cadeia.
Dois anos atrás, ele foi um personagem central numa reportagem do Fantástico sobre a venda de sentenças judiciais que beneficiaram traficantes na região onde se localiza o aeroporto de Aécio.
Note: não havia nenhuma menção na reportagem ao fato de que Tancredo é primo de Aécio, como se isso não fosse notícia.
Notícia é realmente subjetivo, neste mundo em que vivemos. Imagine se Tancredo fosse primo de Lula. A cada parágrafo seríamos lembrados do parentesco.

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