Por Paulo Nogueira,
Pobre jornalismo. Pobre público. Pobre Brasil.
Soubemos, pela Folha, que Aécio mandou construir um
aeroporto num terreno que pertencia a seu tio, na cidade de Cláudio, em Minas.
Soubemos também que, embora pretensamente público, o
aeroporto ficava fechado.
Segundo a Folha, a chave está, ou estava até a denúncia, nas
mãos de um primo de Aécio, Tancredo Tolentino, o Quedo.
Se a mídia tivesse qualquer interesse em aprofundar essa história,
um passo básico seria mostrar quem é esse primo. E ouvi-lo.
Em circunstâncias normais, isso seria mandatório no bom
jornalismo.
Agora: quando o primo em questão tem a história que Tancredo
tem, passa a ser um acinte não colocar holofotes nele.
Já que estamos falando de chave, Tancredo é o que
popularmente se chama de chave de cadeia.
Dois anos atrás, ele foi um personagem central numa
reportagem do Fantástico sobre a venda de sentenças judiciais que beneficiaram
traficantes na região onde se localiza o aeroporto de Aécio.
Note: não havia nenhuma menção na reportagem ao fato de que
Tancredo é primo de Aécio, como se isso não fosse notícia.
Notícia é realmente subjetivo, neste mundo em que vivemos.
Imagine se Tancredo fosse primo de Lula. A cada parágrafo seríamos lembrados do
parentesco.
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