Poema de Eurico Alves Boaventura
No domingo descansado,
depois que as luzes da cidade cigarrearam,
o cineminha sorriu possante, lâmpada de duzentas velas à
porta
Cine-Teatro San’Anna, que me faz sonhar outrora,
com bandidos roubando a minha coleção de selos,
e com certa loirinha mordendo-me a ponta do nariz...
Tom Mix e bandidos vão boxear na tela,
do pequeno cinema da Rua Direita.
Repleto os camarotes.
E a plateia, completa ânsia febril de ávidas atenções crianças.
A senhorinha de vermelho-claro ajeita vaidosa o cabelo.
a careca da frente, luzidia, polida,
está tentando um cascudo camarada.
O escriturário do armazém sacode o lenço no rosto sem suor,
para sacudir o
extrato francês made in São Paulo no rosto do vizinho.
Entra, às vezes, um cheiro de rua pelos ventiladores...
Depois do espetáculo,
na noite calada e adormecida como mulher boêmia,
os meninos fortes incharão o peito infantil,
quebrarão, ao lado, o chapeuzinho de feltro,
porão as mãos em atitudes de ataque,
aos outros que, ao alto levarão as mãos inermes,
imitando sisudos a perigosa mentira do filme americano
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