Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:
O bom do processo político é que as coisas vão se revelando,
não obstante a geléia geral de hoje.
De Marina Silva, por exemplo, não temos ouvido quase nada
sobre o que diz respeito à vida do país.
Ele, que vem de uma comunidade pobre e isolada, não deu uma
palavra para se solidarizar com o “Mais Médicos”, que vai levar profissionais
para lugares como o seu Acre natal, tão mal assistido de profissionais.
Só o que vimos foi ela falar do “perigo de perdermos as
conquistas com o aumento da inflação e o desmonte do tripé macroeconômico do
câmbio flutuante, do superávit fiscal e das metas inflacionárias”.
Agora surge uma pista de quem está marinando no vinho
neoliberal a cabeça de Marina Silva, que a gente, aqui, já vem chamando de
Marina Leitão, pela identidade em matéria econômica.
O tucano André Lara Resende, um dos FHC boys de velha cepa,
apresentado pela Época como novo guru marinista.
De Lara Resende, vamos deixar que a Veja o descreva, para
não ser suspeita a definição:
“Economista brilhante, Lara Resende ajudou a criar o Plano
Cruzado, juntamente com o colega Persio Arida. Teceu também as bases do Plano
Real. Para favorecer a vitória do Opportunity na compra da Tele Norte Leste, em
detrimento do consórcio Telemar, negócio que não se concretizou, Lara Resende
foi diretíssimo ao ponto em suas conversas telefônicas com Arida. “Se precisar
vou ter de detonar a bomba atômica”, disse ele ao amigo, referindo-se ao
presidente Fernando Henrique Cardoso. “Vai lá e negocia, joga o preço para
baixo. Depois, se precisar, a gente sobe e ultrapassa o limite”, instruiu Lara
Resende, segundo fitas divulgadas pela imprensa à época.”
Lara Resende foi absolvido dos processos abertos, já que, na
época, a Justiça precisava de provas para condenar. Mas os fatos e as fitas
jamais foram contestados nem a história edificante do então jovem amante dos
cavalos puro-sangue que ameaçou detonar “uma bomba atômica” para Daniel Dantas
ganhar a Telemar, hoje Oi.
De lá para cá, ele usa seu brilhantismo a serviço da
especulação, na famosa Casa das Garças, um ninho de mafagafos cheio de mafagafinhos
tucanos como ele, Edmar Bacha, Pérsio Arida, Armínio Fraga e a família Moreira
Salles.
Na entrevista a Época, agora como marineiro, ele repete a
mesma cantilena sobre estado mínimo e carga tributária de sempre, com uma
superfluidade natural para quem, no fundo, sempre defendeu os interesses do
capital.
Uma coisa, porém, deve ser dita: as ideias de Marina estão
cada vez mais verdes.
Verdes do bolor neoliberal.
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