Sérgio Lima/Folha
Polícia chamará para depor os suspeitos e a filha de Serra
Para não municiar rivais Lula tenta segurar chefe do fisco
O governo montou uma operação para sair da defensiva no caso da violação de sigilos da Receita Federal.
Por ordem de Lula, decidiu-se deslocar o comando das investigações do fisco para a Polícia Federal.
Nesta quinta (2), autorizada pela Justiça, a PF começou a periciar um computador do escritório do fisco de Mauá.
Requisitou-se também ao Judiciário a quebra dos sigilos bancário, telefônico e fiscal da servidora do fisco Adeildda Ferreira dos Santos.
Ela operava a máquina de cujas entranhas foram extraídos os dados fiscais de quatro pessoas ligadas a José Serra. Entre elas o dirigente tucano Eduardo Jorge.
De resto, a PF programa para os próximos dias a realização de um lote de inquirições. Inclui o oitiva de Verônica Serra, a filha do presidenciável tucano.
Verônica será ouvida na condição de testemunha. Duas declarações de IR dela –2008 e 2009—foram entregues a um falso procurador, em Santo André (SP).
Serão intimados, de resto, o contador Antonio Carlos Atella Ferreira, que obteve os dados sigilosos de Verônica, e um suposto intermediário dele.
Chama-se Ademir Estevam Cabral. Foi citado por Antonio Carlos numa entrevista levada ao ar pela TV Globo na noite desta quinta (2).
A despeito das aparências, não houve, na prática, alteração substancial no rumo das investigações. A PF já se ocupava do caso.
O que se deseja é retirar a Receita do epicentro da encrenca. Deve-se a movimentação a Lula.
O presidente cogitara, em privado, afastar do cargo o secretário Otacílio Cartaxo, chefe da Receita. Optou por tentar preservá-lo.
Avaliou-se que, nesse momento, o escalpo de Cartaxo desceria à bandeja como munição para Serra e o tucanato.
É disseminada no governo a impressão de que Cartaxo não vinha gerindo o problema a contento, especialmente no caso que envolve Verônica Serra.
Daí a decisão de atribuir à Receita um papel subalterno, agora restrito aos processos administrativos que correm na Corregedoria do órgão.
Na seara política, Lula orientou sua candidata, Dilma Rousseff, a levar aos lábios declarações convenientes.
Nos próximos dias, Dilma passará a martelar, além da tecla do “desespero” da oposição, a tese de que confia na capacidade do governo de elucidar o caso.
Em telefonema ao ministro Luiz Paulo Barreto (Justiça), Lula pediu para ser informado, em ritmo diário, sobre o andamento das investigações da PF.
Em Josias de Souza
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
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