domingo, 15 de outubro de 2023

FEIRA ONTEM

                                                               


 

O PRIMEIRO DOCUMENTO DA HISTÓRIA DA FEIRA

Por Adilson Simas.

Com o título acima, em dezembro de 1972 o jornalista e historiador Helder Alencar publicou na coluna “Pois é”, que assinava aos sábados no jornal Feira Hoje, texto que pela sua importância vale a pena ser reeditado.

“O documento que vamos hoje divulgar é o mais antigo e o mais importante da História da Feira de Santana, já que trata da escritura de dote e doação feitos pelo Tenente Domingos Barbosa de Araújo e sua mulher Ana Brandão, de cem braças de terra em quadro a Nossa Senhora Santana e S. Domingos para fazer sua capela no Sítio da Boa Vista. Foi daí, desta Capela, construída há mais de duzentos anos que nasceu a Feira de Santana. Data a escritura de 28 de setembro de 1832. Esta escritura encontra-se nos livros do Tabelionato de Notas de Cachoeira:

Ei-la, na íntegra: “Escritura de dote e doação que fazem o Tenente Domingos Barbosa de Araújo e sua mulher Ana Brandão de cem braças de terra em quadro a Nossa Senhora Santana e S. Domingos para fazer sua capela no sítio da Boa Vista. Saibam quanto este público instrumento de escritura de dote e doação ou como direito melhor lugar haja e dizer se possa virem, que no Ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil setecentos e trinta e dois anos aos vinte e oito dias do mês de Setembro do dito Ano na Freguesia de São José das Itapororocas Termo da Vila de Nossa Senhora do Rosário do Porto de Cachoeira em pousada do Tenente Domingos Barbosa onde eu Tabelião vim e onde aí apareceu o dito Tenente Barbosa de Araújo e sua mulher dona Ana Brandão moradores da mesma Freguesia e pessoas de min Tabelião reconhecidas pelas própria de que faço menção. E por eles ambos juntos e cada um de per foi dito a mim Tabelião em presença das testemunhas adiante nomeadas e assinadas que eles são senhores e possuidores de uma sorte de terra na Freguesia de São José das Itapororocas que houveram por título de herança do seu tio Belchor Barbosa de  Araujo  e dela doam e  todam cem braças de terra em quadrado para nela se fazer uma  Capela em vocação de Sant’anna e São Domingos e para sustentação e encargo da dita capela que faz de seu motu-próprio e livre vontade sem constrangimento de pessoa alguma e que das ditas cem braças em terras tirarão, dimitião e renunciarão de se e de seus herdeiros todo o poder, ação, pretensão senhoril, útil domínio que deles tem e poderão ter e tudo cedem e transfere para se fazer a dita capela e seus rendimentos para sustentação da dita capela. E a pessoa que administrar a tenha logro e possua e dela poderá tomar posse por si ou por outrem e que a tome quer não desde de logo lhe hão por dada e nela por incorporada pela clausula constituti posse real, atual, corporal, civil e natural que em si poderá reter a continuar para a dita capela e outrossim não querem nem virão com dúvidas nem embargos a esta escritura de dote e doação e vindo com eles querem e são contentes lhe sejam  denegado todo o remédio do direito que a seu favor, alegar possa porque em tudo e por tudo querem ter, manter, cumprir e guardar esta escritura de dote e doação de cem braças de terra em quadro para sustenção e encargo da dita capela como neles se contem e declara. Em testemunho da verdade assim outorgaram e requereram  lhes fizesse este instrumento nesta nota em que depois de ser lida assinarão e aceitarão para dela se lhes dar os translados necessários. E pela outorgante não saber assinar, assina por ela e a seu rogo João Mendes de Vasconcelos sendo

presentes  por testemunhas Bazílio Fernandes,  e Francisco Xavier Albuquerque que também assinarão. E eu, Ignácio de Mesquita, Tabelião a escrevi. (assinados) – Domingos Barbosa de Araújo, assina a rogo de Ana Brandão João Mendes de Vasconcelos, Bazílio Fernandes, Francisco Xavier de Albuquerque”

Eis pois o documento que deu origem à Feira de Santana. Por esta escritura Domingos Barbosa de Araújo e Ana Brandão dotaram  a Freguesia de São José das Itapororocas de cem braças de terra  em quadrado para a construção da capela de Santana e S. Domingos.

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