quinta-feira, 19 de outubro de 2023

FEIRA ONTEM

                                                           


 OS POETAS DA CIDADE

É a partida um paradoxo,

 Que jamais a gente explica:

 - Quem fica, fica saudoso

quem parte, esquece quem fica.

Mas muita vez na partida, 

 o caso muda entre os dois:

 - Quem parte, leva saudade,

quem fica esquece depois.

                                                          

 Outra vez, por um capricho,

 Que o destino se destrai, 

Quando alguém vai para longe,

 A saudade fica e vai

 É a partida um paradoxo,

 Que jamais a gente explica:

 - Quando se finge saudade,

 Saudade não vai, nem fica.             

Moreira de Pinho, “guarda livros” da firma Cerqueira & Irmão (Folha do Norte de abril de 1951)


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