terça-feira, 3 de outubro de 2023

FEIRA ONTEM

                                                                 


                                                                            

   “Foi o Coronel João Pedreira de Cerqueira quem delineou e realizou em parte o plano de embelezamento desta cidade, plano que, felizmente, não foi desobedecido e que, ao contrário, tem sido melhorado, para que possa ter ela direito ao título, com que alguns já a têm mimoseado, de Petrópolis bahiana” (Filinto Bastos em 1917)

 

            Localizado na Praça Carlos Bahia, o imóvel conhecido como o “Palácio do Menor” é apontado pelos historiadores como sendo o mais antigo da cidade. Construído pelo coronel João Pedreira de Cerqueira no século retrasado, por volta de 1840, tempo depois foi  adquirido pela Santa Casa de Misericórdia, nele instalando o Imperial Asylo dos Enfermos, onde eram atendidos os doentes da cidade. Com a transferência dos enfermos para o novo hospital, o D. Pedro de Alcântara, construída pela Santa Casa no bairro Kalilândia, no casarão mais antigo passou a funcionar o Batalhão de Polícia, que só o desocupou em 1985, quando o 1ºBPM/FS ganhou sede própria às margens da Feira/Serrinha.

            Antes que o secular imóvel fosse totalmente destruído pelo tempo, em 1987 nele passou a funcionar o Palácio do Menor, mas sem receber qualquer melhoria significativa. Hoje praticamente transformado em reunia – alguns compartimentos isolados continuam sendo usados abrigando crianças e adolescentes – a continuar o descaso logo a Feira de Santana perderá o seu mais antigo casarão. 

            Outro prédio incluído entre os mais antigos está localizado na esquina da Avenida Senhor dos Passos com a Praça João Pedreira, bem em frente ao templo de Senhor dos Passos. Assim como o “Palácio do Menor”, sua construção se deve a João Pedreira de Cerqueira, apontado como o homem que modificou  “o sistema atrasado das construções em Feira de Santana”.

            Construído no século XIX e muito tempo depois alugado para abrigar a câmara municipal, foi finalmente comprado pelo médico Remédios Monteiro quando presidia o Conselho Municipal. Com a vitória do movimento republicano e a queda do império, no secular casarão foi instalado o Paço Municipal.

            Na década de 20, quando o intendente Arnold Silva inaugurou o atual prédio da Prefeitura e para ele transferiu o Paço Municipal, o casarão foi comprado pelos Fróes da Motta e depois cedido para servir de sede da Sociedade Filarmônica Euterpe Feirense, nelo ficando instalada até o inicio da década de 50, quando a filarmônica construiu sua sede própria, na Rua Direita.

            Desocupado pela Euterpe Feirense, a parte térrea do casarão virou comércio (Manuel Marques nele teve comercio durante muitos anos) e a parte superior transformada também por muito tempo em “quartel general” de políticos do PSD e abrigo de inúmeras associações classistas. Nos primeiros anos do século XXI um incêndio praticamente destruiu o secular casarão, afinal recuperado pelos comerciantes nele instalados.

            Os prédios das filarmônicas  “25 de Março” (1865) e Vitória  (1876) também estão incluídos entre os casarões mais antigos da cidade, além de tantos outros que ainda resistem ao tempo, como a sede da Sociedade  Montepio dos Artistas Feirenses. Dois prédios erguidos no século, a residência do coronel Agostinho Fróes da Motta, mais tarde ocupada pelo filho Eduardo Fróes Motta é o mais festejado pela população, pois adquirido pela Fundação Senhor dos Passos e por ela restaurado em sua grande parte, preserva  o projeto original. 

 

 

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