Setembro de 2007
Um evento sobre a vida do grande
líder feirense – “Chico Pinto. Democracia e ditadura em Feira de Santana e no
Brasil”, acontece nos dias 19 e 20 do
corrente promovido pela Uefs. Sobre a iniciativa da reitoria, faço minha as
palavras do jornalista Jânio Rego publicadas no Blog da Fera.
Estarei lá, não apenas para
recordar pedaços dos anos 60 – “Pinto na
Prefeitura é o povo governando”; reviver a expectativa dos anos 70 - “Pinto
vem aí” e novamente ouvir a pergunta que se fazia nos quatro cantos da
cidade nos anos 80 – “Tá com Pinto ou tá
com medo?”. Mas estarei também para parabenizar o reitor José Carlos pelo
novo tempo que implantou na universidade feirense.
A ESPERA
Para quem, como eu, espera com
expectativa o dia de abertura do evento, uma lembrança de Chico Pinto nos anos
70, em março, véspera da posse do general Geisel. O líder feirense sobe à tribuna da câmara e pronuncia o
discurso “General Pinochet – o Infame”. A seguir trechos da obra que custou ao
grande líder um processo, uma cassação, a perda do mandato e dez meses de
prisão:
O COMEÇO
“Ontem chegou ao Brasil e foi
recebido com honras de chefe de Estado, quem desonrou o Estado a que servia e a
farda que o agasalha. Não fosse ele o chefe da Junta Militar que oprime o
Chile, seria recepcionado com um ”Calley”. O repúdio seria a homenagem justa ao
mais truculento dos personagens que, nas duas ultimas décadas esmagaram povos
na América Latina”.
“Passa-se à história de duas
formas, pela grandeza ou pela torpeza das ações e Pinochet preferiu parodiar
Juvenal: Que importa a infâmia, quando fica assegurado o poder?”
“A infâmia de assassinar
coletivamente operários, mulheres e crianças, para prender um livre atirador
qualquer que, em fuga, em vila operária se homiziara. A infâmia dos julgamentos
sumaríssimos que inventou para matar inocentes e culpados. A infâmia de mentir
ao mundo com seus campos de concentração, tentando justificar os crimes que
cometeu contra os que no Poder, não
cometeram crime contra ninguém”.
Pinto condenando a idéia do
ditador em formar um eixo político Brasil-Bolivia-Chile-Paraguai:
“Eixo-político para quê? E para servir a quem? O que nos vem do Chile de
Pinochet é o fechamento de jornais, é a censura desvairada à imprensa remanescente.
O que nos vem do Chile é a opressão mais cruel. O que nos vem do Chile é o
clamor dos presos, dos perseguidos, do povo oprimido. É o horror do massacre
promovido pelos golpistas”.
“O que desejamos é deixar registrado
nos anais o nosso protesto e a nossa repulsas pela presença indesejável dos
vários Pinochet que o Brasil atualmente
está hospedando. Se aqui houvesse liberdade o povo manifestaria seu
descontentamento e a sua ira santa nas ruas contra a opressão do povo chileno”.
“Para que não pareça, contudo,
que no Brasil todos estão silenciosos e felizes com sua presença, falo pelos que
não podem falar clamo e protesto por muitos que gostariam de reclamar e gritar,
nas ruas, contra sua presença
“... alguns o aplaudirão – os
eternos tarifários do poder – crentes que o clamando, agradam o governo que
amanhã se instala no Brasil. Outros censurarão a imprensa pelo que aqui se diz,
para que não se saiba que há os que resistem, em todas as partes do mundo,
contra a violência...”
O FINAL
“Os anticristãos de lá e de cá,
os que traem a pátria lá e aqui, os inimigos do povo em todos os quadrantes da
terra, não deve esquecer-se de que pelos crimes cometidos, há sempre, mais cedo
ou mais tarde, uma pena a purgar e a cumprir. Seria cômodo para aquele sicário
ser julgado apenas pela história, mas inapelavelmente cairá sobre seus ombros o
julgamento dos contemporâneos. Aguardemos”
(Adilson Simas, 04 de setembro de 2007)
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