Por Fernando Brito
Atribuem a Tom Jobim a lição : “o Brasil não é para
principiantes”.
Mas é interessante saber como seria para eles.
A situação do Brasil, num daqueles manuais para turistas,
poderia ser resumida assim:
O Brasil é uma democracia presidencialista,com eleições
diretas, mas a presidente eleita foi afastada por um processo de impeachment,
sem ter cometido crimes
Seu processo de
deposição foi iniciado pelo Presidente
da Câmara dos Deputados que já estava denunciado por crimes comuns oque, agora, o mantém na cadeia;
Este processo foi confirmado pelo Senado, pela ação e pelo
voto de seu presidente, que agora é réu por peculato.
O atual presidente da República é citado em gravações como
beneficiário de doações obtidas por empresários, tem vários ministros
envolvidos na Operação Lava Jato.
E, talvez, ele próprio, na lista da Odebrecht.
Transformamos toda a atividade de governo numa conspiração
criminosa e todos os governantes em criminosos, portanto.
Entramos num processo de autofagia, em que devoramos a ideia
de um país e nos tornamos destruidores
de nós mesmos e de tudo o que conseguimos avançar.
Parece que queremos ser principiantes, renascidos da Lava
Jato, puros e castos , num paraíso que está lotado e comandado por serpentes,
mas onde a pureza vai se exprimir, no mínimo, em licenças para prédios e, para
os crédulos, jamais em grandes negócios de governo, envolvendo bilhões de
reais.
Uma espécie de Macunaíma ao contrário.
Um tempo onde o
caráter é renascido e se traduz num desastre na vida prática, sem nenhum
herói, só num mito moral.
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