Por Fernando Brito
Recebi, e republico com dor e prazer, a carta-crônica da
Marceu Vieira sobre a demissão – é demissão, mesmo, porque o contrato era de
emprego – do radialista Adelzon Alves da EBC- em que ele, na falta de santos a
quem apelar, apela às almas dos nada santos defuntos donos da mídia brasileira.
Adelzon é um personagem que se confunde com as madrugadas no
Rio de Janeiro há mais de meio século. É
pior ainda, porque isso se faz quando outra carioca das antigas, a Rádio
Nacional, com quem ele passava as noites, está completando 80 anos.
Para quem não é do Rio ou é e muito novo, já do tempo destes
troços que foram pendurando na gente – walkman, cd-player, Ipod e agora o
celular que quase já perdeu o nome de telefone, de tanto que faz – o Marceu
conta que é o Adelzon.
O presidente da EBC, Ricardo Melo, que Temer quis
defenestrar, talvez nem saiba que estão fazendo isso. Ou, quem sabe, tenha há
tanto tempo emigrado do Rio para São Paulo que se esqueceu das noites cariocas,
com o o Angu do Gomes na Praça XV, o biscoito Globo, e os radinhos de pilha dos
porteiros, dos vigias, dos taxistas, dos catadores e até dos sem-teto, nas
calçadas, de onde quase invariavelmente saía a voz dos sem amigos, exceto ele,
o amigo da madrugada.
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