segunda-feira, 27 de junho de 2011

A TRADIÇÃO DE SÃO JOÃO

A festa de São João, com suas fogueiras, fogos de artifício, pamonha, canjica, bolos de tapioca, puba e aipim, é historicamente nordestina.
As festas dançantes eram ao som da quadrilha, quando também se organizavam blocos nos clubes para a dança da quadrilha com marcadores que seguiam gritando cada passo a ser dado: anarriê (do francês annexer- incorporar, unir), a chuva, a cobra, etc..
Direta ou indiretamente todos participavam das quadrilhas, soltavam balões, tocavam fogos de artifício, comiam milho verde, bolos, bebiam licores.
As festas juninas estão perdendo a tradição: são raras as quadrilhas e quando formam para concursos o que vale é a coreografia. Na verdade a coreografia mais apresentada é a cópia do tradicional can-can do velho oeste americano, onde as coristas balançavam a saia para que aparecessem as pernas. Assim são as quadrilhas de hoje, quando têm, pois o normal atualmente são os famosos trios elétricos ou palcos armados em alguma parte central da cidade, apresentando as bandas Chiclete com banana, calcinha pretas e tantas outras que nada tem a ver com a festa tradicional de S. João..
Estamos perdendo uma tradição quase milenar. É necessário que se conserve as quadrilhas tipicamente juninas. Estas, alem de pouquíssimo dispendiosas dão margem a uma festa diferente, tipicamente nordestina. As comemorações com bandas e trio elétrico são muito boas para carnavais e micaretas.
Até nas exposições, onde eram apresentados violeiros, cantadores, aboiadores e duplas sertanejas hoje esta contaminada com apresentações em grandes palcos com as mesmas bandas que infestam a Bahia.
Como os descendentes de africanos buscam hoje a tradição dos seus antepassados, a maioria, perdida no tempo pela ignorância de uma época, no futuro serão os descendentes nordestinos que estarão buscando aquela beleza das festas juninas que a nossa negligência está confundindo e sepultando-a na ganância de “levar vantagem” em tudo.
Aproveitem enquanto ainda existem pessoas que estão passando a tradição de quadrilhas nos pequenos povoados aos seus descendentes. Aproveitem agora ou será tarde demais.
Por Antonio Moreira Ferreira

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