domingo, 13 de junho de 2010

A POESIA DESTE DOMINGO - I


FOGUEIRA DE SÃO JOÃO
Aloisio Resende


Em frente à casa branca e simples da fazenda,
Arde, de manso, em festa, a fogueira bizarra.
Quer foguete ou balão sobre os mentes ascenda,
Da petizada explode a estrídula algazarra.

Tiram moças a sorte. A viola zanguizarra
Nun recanto da sala e, chula a chula, emenda,
Rodam pares febrís. Trescala a flor na jarra,
Tentam seios romper dos casacos a renda.

Ferindo o ar, um rojão raivoso ruge e estoira,
Rouco ressoa após, de quebrada em quebrada.
Mal desponta da aurora a luz bondosa e loira,

No terreiro deserto, onde, a cismar, me vejo,
Contemplando a fogueira, aos restos, apagada,
Fito as cinzas, alvez, do meu próprio desejo

Aloisio Resenda - o Zinho Faúla como era conhecido na gráfica da "Folha do Norte"

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