ÉRICO VERÍSSIMO EM FEIRA
Por Dival Pitombo
“Conferência
a luz de velas”
Um
dia recebi um recado do velho João Marinho.
Queria
falar comigo. Ao procurá-lo, disse-me o seguinte:
-
Amanha chega aqui um literato que João Falcão me pediu para receber. E como não
sei conversar muito com essa gente, quero que você venha fazer-lhe companhia.
Fui
sem saber quem era. E encontrei-me – que agradável surpresa – com Érico
Veríssimo. Após o jantar sair com ele e a senhora, para mostrar-lhe a cidade.
No
caminho recebi um recado de Joselito Amorim, pedindo-me para levar o romancista
no Colégio Santanópolis, que os estudantes queriam conhecê-lo.
Érico
mostrou-se interessado no contato com os jovens.
Fomos.
Ao
nos dirigirmos para lá, um “blackout” total surpreendeu a cidade.
Chegamos
ao colégio na mais repleta escuridão. Ficamos na secretaria aguardando a
normalização, que não se deu até o fim da noite.
Então
os estudantes compraram grande quantidade de velas e, na sala de aula,
colocaram uma em cada carteira.
Ao
entrar, Érico foi saudado com uma calorosa manifestação dos alunos. Palmas entusiásticas
estrugiram.
Surpreendido,
o escritor improvisou uma linda conferência
sobre costumes gaúchos, à luz das velas, que naquele auditório “sui
generis” criaram um ambiente fantasmagórico semelhante a um lago iluminado, que
impressionou o romancista.
Mais
tarde escreveu-me de Porto Alegre comentando o fato.
E
treze anos depois, no Rio de Janeiro, em lançamento de um dos seus livros na
Livraria São José, relembrou o acontecimento, dizendo-me que não esqueceria,
porque foi a única vez, em sua vida, que pronunciou uma conferência à luz de
velas.
A
originalidade da situação fixou o episódio, que talvez, um dia, figure em suas
Memórias
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