O PRIMEIRO DOCUMENTO DA HISTÓRIA
DA FEIRA
Por Adilson Simas.
Com o título acima, em dezembro
de 1972 o jornalista e historiador Helder Alencar publicou na coluna “Pois é”,
que assinava aos sábados no jornal Feira Hoje, texto que pela sua importância
vale a pena ser reeditado.
“O documento que vamos hoje
divulgar é o mais antigo e o mais importante da História da Feira de Santana,
já que trata da escritura de dote e doação feitos pelo Tenente Domingos Barbosa
de Araújo e sua mulher Ana Brandão, de cem braças de terra em quadro a Nossa
Senhora Santana e S. Domingos para fazer sua capela no Sítio da Boa Vista. Foi
daí, desta Capela, construída há mais de duzentos anos que nasceu a Feira de
Santana. Data a escritura de 28 de setembro de 1832. Esta escritura encontra-se
nos livros do Tabelionato de Notas de Cachoeira:
Ei-la, na íntegra: “Escritura de
dote e doação que fazem o Tenente Domingos Barbosa de Araújo e sua mulher Ana
Brandão de cem braças de terra em quadro a Nossa Senhora Santana e S. Domingos
para fazer sua capela no sítio da Boa Vista. Saibam quanto este público
instrumento de escritura de dote e doação ou como direito melhor lugar haja e
dizer se possa virem, que no Ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de
mil setecentos e trinta e dois anos aos vinte e oito dias do mês de Setembro do
dito Ano na Freguesia de São José das Itapororocas Termo da Vila de Nossa
Senhora do Rosário do Porto de Cachoeira em pousada do Tenente Domingos Barbosa
onde eu Tabelião vim e onde aí apareceu o dito Tenente Barbosa de Araújo e sua
mulher dona Ana Brandão moradores da mesma Freguesia e pessoas de min Tabelião
reconhecidas pelas própria de que faço menção. E por eles ambos juntos e cada
um de per foi dito a mim Tabelião em presença das testemunhas adiante nomeadas
e assinadas que eles são senhores e possuidores de uma sorte de terra na
Freguesia de São José das Itapororocas que houveram por título de herança do
seu tio Belchor Barbosa de Araujo e dela doam e todam cem braças de terra em quadrado para
nela se fazer uma Capela em vocação de
Sant’anna e São Domingos e para sustentação e encargo da dita capela que faz de
seu motu-próprio e livre vontade sem constrangimento de pessoa alguma e que das
ditas cem braças em terras tirarão, dimitião e renunciarão de se e de seus
herdeiros todo o poder, ação, pretensão senhoril, útil domínio que deles tem e
poderão ter e tudo cedem e transfere para se fazer a dita capela e seus
rendimentos para sustentação da dita capela. E a pessoa que administrar a tenha
logro e possua e dela poderá tomar posse por si ou por outrem e que a tome quer
não desde de logo lhe hão por dada e nela por incorporada pela clausula
constituti posse real, atual, corporal, civil e natural que em si poderá reter
a continuar para a dita capela e outrossim não querem nem virão com dúvidas nem
embargos a esta escritura de dote e doação e vindo com eles querem e são
contentes lhe sejam denegado todo o remédio
do direito que a seu favor, alegar possa porque em tudo e por tudo querem ter,
manter, cumprir e guardar esta escritura de dote e doação de cem braças de
terra em quadro para sustenção e encargo da dita capela como neles se contem e
declara. Em testemunho da verdade assim outorgaram e requereram lhes fizesse este instrumento nesta nota em
que depois de ser lida assinarão e aceitarão para dela se lhes dar os translados
necessários. E pela outorgante não saber assinar, assina por ela e a seu rogo
João Mendes de Vasconcelos sendo
presentes por testemunhas Bazílio Fernandes, e Francisco Xavier Albuquerque que também
assinarão. E eu, Ignácio de Mesquita, Tabelião a escrevi. (assinados) –
Domingos Barbosa de Araújo, assina a rogo de Ana Brandão João Mendes de
Vasconcelos, Bazílio Fernandes, Francisco Xavier de Albuquerque”
Eis pois o documento que deu
origem à Feira de Santana. Por esta escritura Domingos Barbosa de Araújo e Ana
Brandão dotaram a Freguesia de São José
das Itapororocas de cem braças de terra
em quadrado para a construção da capela de Santana e S. Domingos.
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