domingo, 16 de outubro de 2022

ASSÉDIO ELEITORAL, 'INTERVENÇÃO DIVINA', CARONA CONTRA ABSTENÇÃO E LEGADO SOCIAL: COMO LULA E BOLSONARO DISPUTAM O VOTO EM MINAS

 

Um dos movimentos para se entender o xadrez político jogado em Minas Gerais a duas semanas das eleições se deu numa sala reservada em um centro de convenções de Belo Horizonte na tarde de sexta-feira. Prefeitos reunidos pela Associação Mineira de Municípios (AMM) fizeram fila para sair bem na foto com o presidente Jair Bolsonaro (PL), pela terceira vez na capital do estado desde o início do segundo turno. O evento, que reuniu, segundo a entidade, 687 dos 853 chefes locais mineiros, migrou do endereço planejado inicialmente para o quartel-general de Romeu Zema (Novo) na cidade. O governador reeleito foi apresentado como coordenador da campanha governista ao Planalto. Oficialmente apartidária, a confraternização, de acordo com lideranças políticas locais, incluiu o compromisso do candidato do PL de, se conquistar um novo mandato, criar uma secretaria especial para atender demandas de alcaides.

— Foi uma demonstração de força, tanto que a prefeita de Contagem, Marília Campos (PT), pediu uma reunião similar com a campanha de Lula — diz o cientista político Carlos Ranulfo, da UFMG. — A questão é saber se a investida irá além da fotografia. E se o uso da máquina do Palácio da Liberdade conseguirá algo muito difícil: transferir votos.

Em Minas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceu no primeiro turno com 48% contra 43% de Bolsonaro, 560 mil votos a mais, no único estado do Sudeste em que derrotou o oponente. Zema, que tinha como candidato oficial à Presidência Luiz Felipe D’Avila, liquidou o pleito no primeiro turno com 56% dos votos válidos.

Com o apoio do governador, o presidente mira agora os cerca de 800 mil votos a mais recebidos pelo candidato do Novo no estado, boa parte deles na onda “Luzema” — na gramática eleitoral mineira, o voto em Lula para o Planalto e em Zema para a Liberdade. Para fechar esta conta, no entanto, os mineiros teriam de migrar em peso de um extremo ao outro do arco político. Mais.

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