quinta-feira, 1 de setembro de 2022

NAQUELA FEIRA - CHICO PINTO NA UEFS. ALELUIA

Setembro de 2007

Um evento sobre a vida do grande líder feirense – “Chico Pinto. Democracia e ditadura em Feira de Santana e no Brasil”,  acontece nos dias 19 e 20 do corrente promovido pela Uefs. Sobre a iniciativa da reitoria, faço minha as palavras do jornalista Jânio Rego publicadas no Blog da Fera.

Estarei lá, não apenas para recordar pedaços dos anos 60 – “Pinto na Prefeitura é o povo governando”; reviver a expectativa dos anos 70  - “Pinto vem aí” e novamente ouvir a pergunta que se fazia nos quatro cantos da cidade nos anos 80 – “Tá com Pinto ou tá com medo?”. Mas estarei também para parabenizar o reitor José Carlos pelo novo tempo que implantou na universidade feirense.

A ESPERA

Para quem, como eu, espera com expectativa o dia de abertura do evento, uma lembrança de Chico Pinto nos anos 70, em março, véspera da posse do general Geisel. O líder feirense  sobe à tribuna da câmara e pronuncia o discurso “General Pinochet – o Infame”. A seguir trechos da obra que custou ao grande líder um processo, uma cassação, a perda do mandato e dez meses de prisão:   

O COMEÇO

“Ontem chegou ao Brasil e foi recebido com honras de chefe de Estado, quem desonrou o Estado a que servia e a farda que o agasalha. Não fosse ele o chefe da Junta Militar que oprime o Chile, seria recepcionado com um ”Calley”. O repúdio seria a homenagem justa ao mais truculento dos personagens que, nas duas ultimas décadas esmagaram povos na América Latina”.

 O INFAME

“Passa-se à história de duas formas, pela grandeza ou pela torpeza das ações e Pinochet preferiu parodiar Juvenal: Que importa a infâmia, quando fica assegurado o poder?”

 OS EXEMPLOS

“A infâmia de assassinar coletivamente operários, mulheres e crianças, para prender um livre atirador qualquer que, em fuga, em vila operária se homiziara. A infâmia dos julgamentos sumaríssimos que inventou para matar inocentes e culpados. A infâmia de mentir ao mundo com seus campos de concentração, tentando justificar os crimes que cometeu  contra os que no Poder, não cometeram crime contra ninguém”.

 O EIXO

Pinto condenando a idéia do ditador em formar um eixo político Brasil-Bolivia-Chile-Paraguai: “Eixo-político para quê? E para servir a quem? O que nos vem do Chile de Pinochet é o fechamento de jornais, é a censura desvairada à imprensa remanescente. O que nos vem do Chile é a opressão mais cruel. O que nos vem do Chile é o clamor dos presos, dos perseguidos, do povo oprimido. É o horror do massacre promovido pelos golpistas”.

 O REGISTRO

“O que desejamos é deixar registrado nos anais o nosso protesto e a nossa repulsas pela presença indesejável dos vários Pinochet que o Brasil atualmente  está hospedando. Se aqui houvesse liberdade o povo manifestaria seu descontentamento e a sua ira santa nas ruas contra a opressão do povo chileno”.

 O PAÌS

“Para que não pareça, contudo, que no Brasil todos estão silenciosos e felizes com sua presença, falo pelos que não podem falar clamo e protesto por muitos que gostariam de reclamar e gritar, nas ruas, contra sua presença em nosso País”.

 OS TARIFÁRIOS

“... alguns o aplaudirão – os eternos tarifários do poder – crentes que o clamando, agradam o governo que amanhã se instala no Brasil. Outros censurarão a imprensa pelo que aqui se diz, para que não se saiba que há os que resistem, em todas as partes do mundo, contra a violência...”

   O FINAL

“Os anticristãos de lá e de cá, os que traem a pátria lá e aqui, os inimigos do povo em todos os quadrantes da terra, não deve esquecer-se de que pelos crimes cometidos, há sempre, mais cedo ou mais tarde, uma pena a purgar e a cumprir. Seria cômodo para aquele sicário ser julgado apenas pela história, mas inapelavelmente cairá sobre seus ombros o julgamento dos contemporâneos. Aguardemos”

(Adilson Simas, 04 de setembro de 2007)

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