"O mundo gira e A Lusitana roda” dizia um antigo slogan
de uma transportadora paulista que me parece adequado para entender, em parte,
o que acontece atualmente no Brasil.
Entender por completo acho meio impossível.
Em 2018, Lula tinha dois grandes inimigos: Moro, que o
colocou injustamente na cadeia às vésperas de se eleger presidente pela
terceira vez e Bolsonaro, que, aproveitando-se disso venceu a eleição
presidencial, prometendo aniquilá-lo e jurando que iria apodrecer na cadeia.
A seguir, os dois maiores inimigos de Lula juntaram os
trapos e celebraram uma união que prometia durar para sempre. Os prognósticos
mais pessimistas correram o país. Juntos, os dois inimigos de Lula seriam
imbatíveis em 2022 e quiçá em 2026.
Mas o anel era vidro e se quebrou em apenas 17 meses e
resultou num divórcio litigioso com “consequências imprevisíveis”, diria o
general Augusto Heleno.
O litígio, que Lula assiste de camarote, continua a todo
vapor, com nítida vantagem para o presidente. Não satisfeito em apenas provar
que Moro o caluniou ao deixar o ministério da Justiça, investe contra seu
ex-ministro através da PGR, que reabre o caso Tacla Duran. Sua intenção
inequívoca é acabar com a carreira política do ex-juiz: quer vê-lo preso ou
cassar seus direitos políticos, para evitar embate com ele em 2022.
Ou seja: por ironia do destino, tudo o que Lula quer desde
que foi preso – ver Moro preso ou destronado – é também tudo o que Bolsonaro
quer.
Quanto mais Bolsonaro desmoralizar e desqualificar o
ex-juiz, melhor para Lula.
Inacreditável, mas Bolsonaro está fazendo por Lula o que nem
Haddad teria feito se ganhasse a eleição.
Se fosse vivo, Maquiavel diria a Lula o seguinte: você tem
dois inimigos, lutar ao mesmo tempo contra os dois é burrice; deixa primeiro o
Bolsonaro destruir Moro, para depois cuidar de Bolsonaro.
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