Por Fernando Brito
Tem tudo para ser um disparate – ou uma negociata daquelas –
o projeto pelo qual o “setor privado poderá fazer shopping em terreno do
governo em troca de casa popular“, anunciado pela Folha para substituir o quase
falecido “Minha Casa, Minha Vida”.
A ideia, gestada no Ministério da Economia, seria oferecer
moradias de baixo custo em regiões centrais de médias e grandes cidades, oferecendo
terrenos ociosos da União a empresas para que construíssem habitações populares
e também shoppings, pontos comerciais e imóveis de mais alto padrão.
Ora, um terreno vazio numa região centrais das cidades
brasileiras é : 1) de alto valor e 2) quase sempre de dimensões limitadas.
Portanto, necessariamente terão baixo número de unidades – a
sua verticalização é limitada, pelo custo de manutenção que isso traz – e menor
ainda se parte disso for destinada a shoppings.
Até o presidente da Câmara Brasileira de Construção Civil,
José Carlos Martins, diz que situações pontuais não podem ser confundidas com
um programa habitacional como este país de submoradias exige.
Mas, claro, tem o “filé”. Um shopping nas áreas centrais
vale os tubos, e não vão se passar seis meses para as construtoras oferecerem,
em compensação, casinhas lá nos cafundós.
O “Minha Casa”, na maior parte das vezes, era erguido em
terrenos cedidos pelo poder público -União, Estados e Municípios – e, mesmo com
muitas deficiências urbanísticas, só saía a fórceps, com fortes subsídios
bancados pelo Tesouro e pelo FGTS.
O motivo? É preciso dar casa a quem não tem condição de
tê-las pela “lógica de mercado”.
Esperar que o mercado faça política habitacional para a
população de baixa renda é melhor que seja sentado.
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