Por Fernando Brito
O problema da estupidez é que ela se contradiz com a vida
real.
O sr. Jair Bolsonaro chamou a atenção, hoje, para o sério
problema da falta de higiene íntima que, todos os anos, segundo ele leva a ”
mil amputações de pênis por falta de água e sabão”.
O número de casos de infecções femininas, pela mesma razão,
é ainda maior.
E isso não espera, Sr. Bolsonaro, a maioridade.
Começa com as crianças, que precisam receber orientação e
informação.
Mas como fazer se o senhor quer amputar qualquer orientação
sobre órgãos genitais do material de apoio enviado às escolas, mandando até
‘arrancar as páginas’ que mencionam a existência destas ‘obscenidades’?
O senhor diz que “no meio militar a gente ensina a escovar
os dentes e, ao garoto que presta serviço militar obrigatório, também outras
coisas”. Supondo que estas outras coisas sejam a higiene íntima, o senhor acha
que é possível esperar até os 18 anos para aprender a usar “água e sabão”?
E as meninas e meninos que não vão aprender nos quartéis, a
grande maioria? E os que não serviram, como os seus filhos, ficam sujeitos ao
risco da amputação?
Se o senhor tem esta preocupação, não poderia estar fazendo
uma campanha para que, nas escolas, não se possa falar dos órgãos sexuais.
E o mesmo que esta conversa sobre o Brasil ser o “paraíso do turismo gay”. Se o senhor
passar, alta noite, nas calçadas de qualquer região turística – ou mesmo nas
estradas que cortam a periferia – vai ver que o negócio do sexo não é gay, mas
envolve milhares de meninas, menores, se oferecendo a quem passe.
O moralismo, senhor Bolsonaro, é hipócrita como o senhor é.
E os hipócritas, mais que bactérias, matam pessoas.
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