Meu pai, comigo e minha irmã. Feira de Santana, 1974.
“— Compadre, quero morrer
com decência, em minha cama.
De ferro, se for possível,
e com lençóis de cambraia.
Não vês que enorme ferida
vai de meu peito à garganta?
— Trezentas rosas morenas
traz tua camisa branca.
Ressuma teu sangue e cheira
em redor de tua faixa.
No entanto eu já não sou eu,
nem a casa é minha casa.
— Que eu possa subir ao menos
até às altas varandas.
Que eu possa subir! que o possa
até às verdes varandas.”
(Fragmento de “Romance Sonâmbulo” de Federico García Lorca).
Depois de 16 anos de espera e dez horas de tensão, o 29 de
novembro de 2012 foi um dia de catarse. Plenário do tribunal do júri de
Petrolina, Estado de Pernambuco. Eu presente. Embora ausente, meu pai também
estava ali: o sociólogo José Raimundo Aras fora a vítima.
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