Por Fernando Brito
Lá está, na manchete do Estadão:”Moro vê resultado da
eleição como risco à Lava Jato“.
O resultado da eleição – quando ela é livre – é a
consagração do que está dito na primeira lei a que o Doutor Todo-Poderoso acha
que não vem ao caso: “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”.
Do alto de sua arrogância autoritária, diz que o país
precisa do ““do exemplo de lideranças honestas”. Honestas, claro, na visão
dele.
Quem sabe, dá exemplo de “liderança honesta” o sujeito que
compra vias públicas para anexar à sua mansão, como o furioso com que a toda
hora Moro posa para fotos?
Será exemplo de “liderança honesta” um juiz, convertido que
se acha em “herói nacional” receber “auxílio” de verbas públicas para morar num
apartamento que é seu, próprio?
Ou sair do recolhimento de sua função para “badalar” pelos
salões daqui e do mundo, em eventos que só raramente são jurídicos,
“marquetando” sua própria figura?
Ou aqueles que dão a sorte de contar com a leniência da
Justiça e assistem as denúncias contra eles perambularem de tribunal em
tribunal, cada qual dizendo que “não é comigo”, como Geraldo Alckmin, Beto
Richa, Aécio Neves?
Liderança honesta, Dr. Moro, é aquela que recusa usar seu
poder discricionário para interferir no resultado das eleições.
E que, desejando nelas influir, despe a armadura da toga que
o protege e desce ao campo da política sem ela, para enfrentar seus adversários
com a espada do voto e não com o aviltamento de usar o poder legal como sua
arma.
Do contrário, seu poder será sempre o de delegado “da roça”,
que não pode ser confrontado e se acha no direito de que todos o obedeçam e
ninguém questione seus atos.
Precisamos, sim, de leis que impeçam abusos e, em matéria de
corrupção, estamos cheios delas, sem melhores efeitos.
Mas há outros tipos de abuso, como o de pessoas que,
investidas do poder de Estado, querem escolher como e quem o povo pode escolher
em eleições.
O dos que roubam um valor imenso, superior, aquele que nos
dá o estágio de civilizados: a liberdade e a soberania do povo. - COMENTÁRIOS
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