Neste mês em que se comemora a Padroeira da Cidade, ninguém
melhor do que José Olimpio Mascarenhas [foto], figura presente nos mais
diversos segmentos da cidade, para falar sobre o lado profano da comemoração de
Senhora Santana, em especial o Bando Anunciador que voltou a ser realizado por
iniciativa da universidade. Recordemos, pois o bando anunciador de tempos idos,
contado por esta grande figura no livro que o artista plástico Gil Mário
publicou em 2002 (Adilson Simas).
O BANDO ANUNCIADOR
- O dia da Confraternização Universal em nossa cidade era
mais completo.
Esperávamos o primeiro dia do ano com mais entusiasmo. Era o
início da Festa de Santana. Às dezesseis horas, acontecia o Pregão, desfile de
caminhões caracterizados de carros alegóricos pelos artistas da terra, entre
eles, Maneca Ferreira e seu eternamente lembrado CARAVELA.
As bandinhas contratadas pelos organizadores dos blocos e a
Zabumba de Bonfim de Feira animavam o desfile. Moças e rapazes das tradicionais
famílias feirenses brincavam alegres, sem os excessos hoje tão em voga.
Pregão, o desfile do grande bando anunciando o início dos
festejos em louvor a Santana que se estenderiam por quase o mês todo.
As festas profanas não ficavam no Pregão. A Lavagem e a
Levagem da Lenha aconteciam na semana final da festa, mas os bandos
anunciadores eram o que mais mexiam com os jovens, pela originalidade,
ingenuidade e pureza de intenções.
Participávamos.
Aconteciam nos primeiros domingos de janeiro, às quatro e
trinta da madrugada, amanhecendo o dia. Os sinos da Matriz tocavam alegremente
e girândolas de foguetes acordavam fiéis ou não, para reverenciar a padroeira
da cidade.
Os blocos vinham de toda parte: do Pilão, Rua Direita, Rua
da Aurora, Marechal Deodoro, Tanque da Nação, Avenida Senhor dos Passos (um dos
mais animados, por sinal), o denominado anunciador de dona Zizinha Pinto.
Os meninos da época, Oyama, Itamar, Juthay, Oydema, Miriam
Ferreira, hoje, Lobo, Emilson, Dede, Falcão, Denise Contreiras linda,
linda, Lícia Schmidt, Elibia Moreira, Beica, Geraldo
Oliveira, João Macedo e tantos da época, envergando máscaras e disfarces,
ganhavam as ruas rumo a Matriz, naquela alegria contagiante de jovens felizes.
Ocorriam início de namoro quando se descobria quem era quem
por trás das máscaras.
Um fato pitoresco arquivado nos meus guardados da memória,
vem à tona: uma garota mascarada de pierrot abraçou um jovem na Praça da Matriz
e o chamou pelo nome. Surpreso, pois a máscara dele era de borracha, impossível
de ser descoberto ficou sabendo que fora traído pelo perfume Lancaster que
usava havia uns cinco anos.
Brincaram juntos, ele mascarado e sem saber a identidade da
jovem delicada, carinhosa e boa de corpo. Só tinha um jeito: pediu um beijo.
Como beijar de máscara? Tiraram. Era a namorada de seu melhor amigo.
Aí, foi um tal de chorar e beijar, beijar e chorar até a
hora da missa.
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