Por Fernando Brito
Se adiantasse alguma coisa para quem parece disposto a
urrar, não a pensar, seria boa a leitura da Folha de hoje aos defensores de uma
intervenção militar como forma de “restaurar a moralidade” em nosso país.
Afinal, podem não acreditar nos que viveram aqueles tempos
mas, canino que é seu comportamento, hão de dar crédito a documentos
estrangeiros.
Não abriram o bico com os papéis do Departamento de Estado
norte-americano que revelavam os assassinatos políticos e não vão abrir com a
descoberta de papéis mantidos até agora
em segredo pelo Reino Unido falando em corrupção justamente numa atividade
militar: a contratação da construção de fragatas para a Marinha brasileira.
Coisa tão “cabeluda” que o governo militar brasileiro não
quis receber 500 mil libras ( R$ 15 milhões, em dinheiro de hoje) oferecidos
espontaneamente pelo governo de Londres como ressarcimento ao sobrepreço
verificado na aquisição dos navios.
Não importa que todo mundo saiba que fortunas – e mais
civis, até, que militares – se fizeram sob a ditadura, nem que tenha sido sob
ela que se deterioraram as condições de segurança pública. É preciso “lembrar de
um passado que não existe” para tornar atraente o caminho da insensatez.
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