Prefácio é do jornalista Adilson Simas
"O Processo de Cassação da Rádio Cultura", livro
organizado pelo jornalista e memorialista Dimas Oliveira, está no prelo,
impressão da Samp Gráfica e Editora, e será lançado no segundo semestre deste
ano. É uma edição da Fundação Senhor dos Passos, através do seu Núcleo de
Preservação da Memória Feirense, do qual Dimas é integrante. Tem apoio de
empresas feirenses.
O livro é uma compilação das peças do processo que resultou
no fechamento da Rádio Cultura de Feira de Santana, que teve seu funcionamento
cassado em março de 1975. A emissora foi reaberta dez anos depois, em julho de
1985.
O que motivou o fechamento da emissora, após suspensão de 15
dias, foi entrevista do então deputado federal Francisco Pinto, feita pelo
radialista Lucílio Bastos, levada ao ar no dia 13 de julho de 1974, quando o
parlamentar reiterou críticas ao presidente do Chile general Augusto Pinochet,
presente em Brasília para a posse do presidente Ernesto Geisel. As palavras
foram consideradas ofensivas ao chefe-de-estado de nação estrangeira.
A fala de Pinto virou peça do processo contra ele, movido
pelo ministro da Justiça Armando Falcão, baseado na Lei de Segurança Nacional.
Francisco Pinto cumpriu seis meses de prisão especial no
quartel do 1º Batalhão de Polícia Militar de Brasília. A publicação trata sobre
as inúmeras visitas ao preso e a greve de fome que fez.
A obra é resultado de pesquisa feita a partir de material
disponível no Arquivo Nacional, instituição que é responsável pela preservação
e difusão de documentos da administração pública federal. Também são
reproduzidos registros da imprensa sobre o episódio histórico. Reproduções de
fotos e fac-símiles integram galeria de imagens.
"Os próprios fatos que compõem o livro falam por si.
Não existe tomada de posição do organizador, que tão somente traz à luz
documentos que estiveram como confidenciais, secretos e sigilosos", diz na
apresentação Thomas Oliveira, que é filho do jornalista.
No prefácio, o jornalista e memorialista Adilson Simas, diz
que "neste trabalho os leitores vão conhecer o retrato fiel do processo
que culminou com a dolorosa cassação da Rádio Cultura. Cassação que ocorreu em
18 de março de 1975, quando faltava apenas um ano para a emissora comemorar
seu jubileu de prata, pois inaugurada em
28 de agosto de 1950".
Diz mais que "testemunhei o fato que o governo
ditatorial buscou para cassar a concessão. Afinal, estava ao lado do radialista
Lucílio Bastos quando este gravou a entrevista com Chico Pinto na Casa da
Torre, residência de Oscar e Miriam Marques, diretores da emissora.
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