Atriz diz que humor é mais difícil do que o drama e ressalta
que tudo o aprendeu ao longo da vida foi graças aos seus mais variados
personagens na TV, cinema e teatro
Marieta Severo dá aula sobre atuação e comemora carreira: ‘É
uma profissão de responsabilidade social’ Marieta Severo dá aula sobre atuação
e comemora carreira: ‘É uma profissão de responsabilidade social’
Pontual e organizada, Marieta Severo aproveita o fim de
semana para arrumar sua agenda de compromissos e prioridades da semana. Além de
estudar o texto de sua personagem Sofia, que fez o país refletir sobre conduta
e ética, a atriz tenta encaixar todos os compromissos pessoais e profissionais
em meio ao ritmo frenético das gravações. Aos 71 anos, ela chega aos Estúdios
Globo, no Rio, para rodar os desfechos finais da novela O Outro Lado do Paraíso
e aproveita um intervalo de 20 minutos entre uma cena e outra para bate-papo
especial com o Gshow. Veja vídeo completo!
Com a fala firme e objetiva, a atriz chega ao set e avisa
que vai deixar o figurino da personagem no camarim e usar o seu próprio visual
para falar sobre o que mais ama: a atuação. Com espelho na mão, ela retoca a
maquiagem e dá uma verdadeira aula de simplicidade e praticidade ao falar de
sua missão. “Eu acho que a minha profissão é de muita responsabilidade social”,
afirma ela.
“A interpretação surgiu na minha vida completamente por
acaso. A vida que me colocou nesse lugar.”
“Acho que é uma profissão na qual você lida o tempo todo com
a imaginação e a fantasia. É uma profissão de muito privilégio.”
Unindo o encantamento da ilusão ao poder de reflexão dos
telespectadores, Marieta lista o prazer de ser atriz. “Eu acho que eu não estou
nisso aqui à toa, para nada. Eu adoro a mágica e isso tem que estar lá, em
primeiro lugar. Mas saber que, aliada a isso, a pessoa vai ter que ter algum
pensamento crítico em relação à vida dela e à sociedade, que vai acrescentar ao
todo... Isso me dá um prazer extra, talvez o maior prazer”.
Para a atriz, o maior desafio na carreira surge a cada novo
papel. “Tentar convencer uma outra pessoa daquilo que você não é se torna
difícil. Eu fico achando que é uma missão impossível. A insegurança é a minha
grande companheira, ela vive comigo. Agora, ela me atormenta um pouquinho menos
e é quase minha aliada. Mas ela já me deu bastante trabalho”, diverte-se
Marieta.
“Eu sempre tive uma insegurança muito grande e sempre achei
que a cada personagem não ia conseguir. ”
Considerada uma das maiores atrizes do Brasil, Marieta
confessa que precisa produzir um ambiente agitado nos bastidores para se
concentrar. “Eu posso estar brincado e falando, mas eu sei que eu estou criando
um estado dentro de mim que é para a hora que a cena acontece no 'silêncio,
gravando...' ”, lembra ela que preza pela troca e pelo jogo cênico. “Não gosto
quando o ator vem com as verdades prontas, sem maleabilidade para a gente
encontrar o que vai acontecer ali, na hora. O melhor é o jogo, e isso me
alimenta”, diz ela, que mostra facilidade ao se desprender dos dramas da
ficção.
“Eu não vou carregando o personagem para fora do teatro.
Não, não... é minha profissão, com entrega absoluta quando estou fazendo. Eu
volto rapidinho (risos)”
“Claro que tem cenas que te mobilizam mais, que tem uma
emoção maior. Mas a minha tendência é: valeu, valeu. Acabou, acabou. Próxima
cena!”
Ao lembrar do começo da carreira há 52 anos, Marieta afirma
que mantém sua essência profissional intacta. “Eu fui formada dentro do
pensamento de que a melhor forma de você desenvolver o teu trabalho é dentro de
um grupo, e continuo achando isso até hoje”. Como a base do trabalho do ator é
a emoção, a atriz diz que explorar a intuição é fundamental. “A matéria-prima é
sempre a gente. Nós, com o nosso pensamento e com o nosso ponto de vista sobre
as situações”.
Aliás, Marieta garante que é na comédia que o pensamento
crítico pessoal mais fica em evidência. “A maneira que se usa o humor vai dizer
o que o ator pensa daquela cena, daquele personagem e daquela situação. O humor
é muito mais difícil do que o drama porque tem o lado matemático. É uma
brincadeira com o tempo. Eu gosto muito e acho que o humor enriquece”, destaca
a atriz.
A atriz não pensa duas vezes em lembrar que é durante o
processo criativo de seus personagens para TV, cinema e teatro o momento em que
ela mais aprende. “Sem demagogia, é verdade! Se eu sou uma apaixonada por
Mozart é porque vivi a mulher dele no teatro. Eu fui pesquisar, ouvir,
conhecer... Cada papel que eu faço, abre uma janela. É tudo por cima, não sei
profundamente nada (risos). Mas os personagens me levaram para vários lugares
que talvez eu não fosse espontaneamente”, vibra ela, ao falar sobre cada etapa
da interpretação.
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